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'O Lado Bom de Ser Traída' : longa é mais uma aposta da Netflix no gênero “thriller erótico” | 2023

NOTA 4.5

Por Karina Massud @cinemassud 


Depois do estouro da série de filmes baseados no best-seller “Cinquenta Tons de Cinza”, a indústria cinematográfica percebeu haver uma grande demanda por filmes do gênero “soft porn”, com variações no drama, romance, thriller ou suspense, mas sempre com uma boa dose de sexo light, com belos corpos se entrelaçando e clima elegante como pano de fundo pro erotismo. Adaptado do livro homônimo de Sue Hecker, pseudônimo da escritora brasileira Débora Gimenez, “O Lado Bom de Ser Traída” é uma produção nacional desse gênero tão em moda e que está entre os mais vistos pelo público da Netflix.

Babi é uma contadora que está noiva de Caio, um advogado gato e bem sucedido; tudo parece quase perfeito.... quase, porque sua vida sexual não é satisfatória. Na sua despedida de solteira ela descobre estar sendo traída, e essa é a deixa pra ela se envolver como um juiz lindo e misterioso, e assim explorar sua sexualidade ao máximo. Esse tipo de trama tem como público-alvo as mulheres mas, a meu ver, sempre nos tratam como emocionalmente ingênuas e frustradas sexualmente, apesar de bem sucedidas em outras áreas da vida – será que só eu vejo por esse ângulo?

“O Lado Bom de Ser Traída” é dirigido pelo Diego Freitas, que anteriormente dirigiu o enorme sucesso adolescente “Depois do Universo”. Ele é competente em imprimir um clima erótico, mas falha na tensão obrigatória a qualquer thriller, os diálogos são pobres e o roteiro batido. Babi sonha com um desconhecido, eles então transam numa oficina. Corta! Babi está no tribunal atenta ao julgamento. Corta! Babi transa com o juiz em seu apartamento incrível. As cenas picantes, apesar de bem coreografadas e cheias de corpos perfeitos, são pessimamente editadas e montadas; quando elas estão começando a excitar o espectador, acabam abruptamente e por isso decepcionam.

As interpretações de todo o elenco são artificiais: Giovanna Lancellotti faz uma Babi determinada e forte, mas sua cara de “sou sexy mas sou inteligente e tenho uma carreira” é vexaminosa; Leandro Lima como Marco, o juiz bonitão e misterioso, tem as mesmas expressões faciais de um boneco de cera; o ex-namorado e o melhor amigo e sócio da protagonista não são diferentes no quesito atuação.

Você que está lendo esse texto talvez me pergunte: “Você está criticando tão duramente ‘O Lado Bom de Ser Traída’ porque não gosta do gênero thriller erótico?” Não, caro leitor, eu adoro o gênero, desde que bem executado não vejo problema em trazer clichês e uma história sem originalidade. Talvez eu esteja sendo nostálgica e comparando essa nova era dos filmes eróticos com produções excepcionais do passado, como “9 1/2 Semanas de Amor”, “Instinto Selvagem”, “De Olhos Bem Fechados”, O Império dos Sentidos” ou “O Último Tango em Paris”. Mas, por enquanto, ainda estou no aguardo de um thriller picante que me agrade ao invés de me constranger.




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