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'Irmã Morte' : entre sombras e silêncio, a maestria do horror sutil de Paco Plaza | 2023

NOTA 7.0

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 


O diretor espanhol Paco Plaza possui um extenso histórico no gênero de horror, com notáveis acertos, sendo o maior deles o impressionante "[REC]" de 2007. No entanto, foi uma década depois que seu trabalho alcançou um público mais amplo com "Veronica", que após lançamento limitado nos cinemas, ganhou destaque na plataforma da Netflix. "Irmã Morte" é uma história de origem que se conecta diretamente aos eventos de "Veronica" apenas nos minutos finais, surpreendendo positivamente ao evitar a tendência oportunista de reciclar o sucesso anterior. Com direção consistente e uma premissa sólida, Paco Plaza insufla novo fôlego no clichê da noviça atormentada por forças ocultas. 

O filme começa em 1939, no auge dos conflitos da Guerra Civil Espanhola, evento que desempenhará um papel crucial no desenvolvimento da narrativa. Neste mesmo ano, somos apresentados a personagem Narcisa (Aria Bedmar) ainda criança, que se torna objeto de adoração devido a um milagre atribuído a ela, o que nos leva a 1949, quando a jovem é admitida em um convento, marcando o início de sua jornada de iniciação na vida religiosa institucional. A breve introdução emula imagens de arquivo, como um vídeo restaurado e quando chegamos ao convento anos depois, a imagem, onde predomina o branco, contrasta com o formato de tela 4:3, criando uma atmosfera claustrofóbica e opressiva daquele local aparentemente inofensivo. Essa escolha visual ressalta a tensão e o conflito interno que a protagonista enfrentará ao longo do filme.  

Conforme a trama se desenrola, acompanhamos a construção da personagem de maneira introspectiva, com poucos diálogos. No entanto, a expressividade da atriz Aria Bedmar torna seus sentimentos claros apenas por meio de reações e olhares. No terço final, o filme abandona as sutilezas e a sugestão para explicitar suas verdadeiras intenções, tornando visíveis todos os horrores anteriormente presentes apenas na atmosfera. Embora isso destoe em termos de ritmo, com uma aceleração inesperada que causa impacto, o desconforto não é gratuito; ele serve a um propósito mais profundo do que meramente chocar por chocar.  

Em "Irmã Morte", o terror é principalmente construído a partir do que permanece invisível, o que contrasta com seu predecessor, "Veronica", onde as convenções do gênero são mais proeminentes. Em resumo, trata-se de uma adição intrigante ao catálogo, que, em um raro exemplo, evita a tentação de simplesmente capitalizar o sucesso anterior e entrega uma narrativa que se sustenta por si só. 




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