Dica do Papo ! ' O Bebê de Rosemary' - 1968
Em maio de 1969 chegava aos cinemas 'O Bebê de Rosemary', uma das obras primas do mestre Roman Polanski. O diretor é uma das lendas vivas do cinema , e não é pra menos.... até os dias de hoje e aos 82 anos, ele continua impecável em seus trabalhos. 'A Pele de Vênus' lançado no ano passado, mostra o quão atual e criativo continua o festejado diretor.
Claro que toda carreira é feita de altos e baixos e com a de Polanski não é diferente, mas é impossível esquecer e reconhecer a relevância de obras como 'O Pianista'(2002) e 'Chinatown'(1974) . Voltando ao trabalho em questão, que inclusive marcou a carreira do diretor ao retratar um estilo de terror extremamente requintado e de narrativa crescente, Polanski acerta em cheio ao não colocar todas as cartas na mesa de cara, aos poucos vai aguçando a curiosidade do espectador e ao mesmo tempo provocando perguntas que só poderão ser mesmo respondidas nos minutos finais.
A srta Woodhouse pronta pra conhecer o seu bebê ! |
Mesmo não entregando de cara o segredo por trás da gravidez de Rosemary , o roteiro aos poucos vai dando pistas e assim mantém o interesse do espectador, que mesmo com o ritmo mais pausado a película se mostra sobremaneira interessante.
Eis a sinopse :
Esta brilhante adaptação do romance bestseller de Ira Levin conta a história de um adorável casal novaiorquino que espera seu primeiro filho. Como a maioria das mulheres que são mães pela primeira vez, Rosemary (Mia Farrow) está confusa e receosa. Seu marido (John Cassavetes), um ambicioso mas malsucedido ator, faz um pacto com o demônio pela promessa de vencer na carreira.
O mais interessante da obra é verificar que sem uma cena violenta ou visualmente assustadora , com rostos desfigurados ou personagens que olham para a câmera com um sorriso macabro ou olhos vermelhos, Polanski fez um cult do terror, que é todo costurado por uma série de coincidências estranhas , pessoas gentis demais e uma gravidez fora dos padrões sem motivo aparente. Merece destaque a cena em que vemos marcas na parede , na casa dos vizinhos de Rosemary , indicando que eles trocaram os quadros que ali estavam por obras mais convencionais. As marcas passam quase despercebidas, o que confere um elemento semi oculto. Como dizia Hitchcock ,pior que uma bomba explodindo é a expectativa de que ela vai explodir. Aquelas marcas são um aviso sutil de que o casal esconde algo e esta sensação é terrível. O grande armário que esconde uma porta , que dá acesso a outro apartamento também é um elemento perturbador , embora aparentemente não tão importante em um primeiro momento.
A cenografia é um item muito relevante neste filme porque o prédio antigo e charmoso, com uma aura de extrema respeitabilidade nos mostra que o pior , muitas vezes , está onde menos esperamos. Outra cena que merece destaque é a que Rosemary fica semi consciente e presencia algo , que ela imagina ter sonhado depois. Os limites entre sonho e realidade e o questionamento da verdade , mesmo que por um breve instante , fornecem a qualquer filme um ingrediente muito valioso: o mistério.
Para os apreciadores do gênero, super vale uma espiada !
'Papo de Cinemateca - Porque Cinema e Diversão é com a Gente Mesmo.'
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