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PiTacO do PapO! 'Florence - Quem é Essa Mulher?' - 2016

NOTA 10

Algumas pessoas têm distorção de imagem, enxergam algo diferente da imagem no espelho. A milionária americana Florence Foster Jenkins tinha distorção da própria voz, ela se achava afinadíssima, voz de soprano, quando na verdade era uma voz de taquara rachada.
Anos 40, final da segunda Guerra Mundial. Florence, interpretada brilhantemente por Meryl Streep, sonhava em ser cantora de ópera, uma diva como Maria Callas , mas desafinada, só conseguia ser a pior cantora possível.

Por ser também mecenas e incentivar a arte, ela tinha muitos amigos (muitos famosos e importantes, como o maestro Arturo Toscanini) e claro, muitos puxa-sacos nesse meio. Ela pagava as plateias, as gravações de disco e também os recitais em lugares como o Carnegie Hall. Claro que muitos "amigos e admiradores" só iam pelo dinheiro, mas muitos tinha carinho genuíno por ela. Assim como o espectador tem, pois ela era uma pessoa admirável, adorável, do tipo que você quer ser amigo e sair pra bater papo (sua vida era tão interessante que rendeu outro filme : 'Marguerite', que eu ainda não vi) . Tinha a saúde frágil devido à sífilis contraída do primeiro marido mas era uma figura forte e corajosa pra se expor e viver como bem queria.
Meryl Streep mais uma vez divina ( elogios a ela nunca são demais!), melancólica e engraçada na medida, cantando desafinada sem medo do ridículo, nos fazendo rir, chorar, querer abraçar e ninar seus personagens!
Florence tem também um pianista e um renomado professor de canto que a ensaia para as apresentações, ambos fazendo ouvidos moucos pra insuportável cantoria. Seu pianista, escolhido numa seleção com muitos candidatos, é o engraçadíssimo Simon Helberg (o Howard de Big Bang Theory), sua risada e cara de incredulidade depois dos recitais são impagáveis.
Hugh Grant está sensacional como St. Clair Bayfield, ator fracassado, marido/empresário que vive às custas de Florence, mas que a ama (a sua maneira) verdadeiramente e cuida dela como se fosse um bibelô ,apesar de ter uma namorada , fato conhecido e aceito por Florence. E ele faz o trabalho sujo de "dirigir", sugerir aos espectadores que a aplaudam e jamais riam das performances. Aliás, ele cumpria bem sua missão, pois ela não sofria qualquer tipo de constrangimento, todos a ovacionavam e as possíveis críticas negativas eram devidamente escondidas dela. Reparem que ninguém nunca menciona : "Florence, como você canta bem, você é super afinada." Dizem: "Você nunca cantou tão bem quanto hoje! Foi sua melhor apresentação" (notaram a diferença?)
Na parte técnica o filme também é maravilhoso, cenários requintados, lindas roupas, acessórios e carros da década de 40, além de uma bela fotografia.
Nessa cinebio, Stephen Frears consegue dosar momentos de humor, desgraça, escárnio e paixão! É um filme leve pra todas as idades, pra se emocionar ( principalmente por saber se tratar de história verídica) e se sentir feliz por ter ido ao cinema descobrir quem é Florence.


Super Vale Ver ! 


Crítica por Karina Massud
(Nova colaboradora do Papo de Cinemateca) 


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