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PiTacO do PapO ! 'Últimos Dias no Deserto' - 2016

NOTA  9.0




Segundo o Velho Testamento, Jesus, (Yeshua em hebraico) antes de começar a peregrinação/catequização que mudaria a História da humanidade foi para o deserto por 40 dias e 40 noites, onde jejuou, orou e procurou por orientação. 
Lá ele se confrontou com Satanás e com todos os fantasmas que o rondavam. De acordo com os religiosos, quando o seu corpo está limpo de tudo, de alimento e estímulos externos, você chega ao estado puro de raciocínio e de encontro com a própria alma, fortalecendo o espírito antes de decisões importantes. Últimos Dias no Deserto, filme de 2015 escrito e dirigido por Rodrigo García ( filho do escritor Gabriel García Márquez) que estreou essa semana é sobre os últimos dias desse período.


Ewan McGregor está sensacional tanto no papel de Jesus como no de Diabo tentador. Satã passa o tempo todo buzinando no ouvido de Jesus, mostrando o lado ruim dos fatos, fazendo apostas cínicas e dizendo coisas cruéis : que Deus não o respondia     (você está falando com seu pai assim como fala com as paredes) e tinha o abandonado. Segundo o Diabo, Deus é egoísta e insaciável, só pensa nele mesmo e nas suas coisinhas, e faz o que faz com seu filho por puro capricho e diversão. Tudo pra testar a fé de Yeshua, fazê-lo virar as costas pro Pai e desistir de sua missão.

No meio do deserto Jesus encontra com uma pequena família que lá mora : o pai (Ciáran Hinds), a mãe (Ayelet Zurer) e o filho (Tye Sheridan), que lhe oferecem abrigo em troca de algumas palavras de sabedoria. O pai quer que o filho adolescente fique morando no deserto pra sempre, mas ele quer ir para Jerusalém conhecer a civilização, o mar e aprender uma profissão, ideia apoiada pela mãe moribunda. Satanás então propõe a Jesus: se você resolver o conflito dessa família eu te deixo em paz.

Imagens desérticas são sempre lindas e aqui não é exceção....há toda uma gama de tons de areia, muitas vezes cegantes devido `a luz natural . Dunas, rochedos e montes a perder de vista, você se sente isolado e só consigo mesmo, assim como o Messias.

A produção não tenta pregar nem converter ninguém ao cristianismo. Não há parábolas, textos ou discussões teológicas. Só os conflitos entre pais e filhos, momentos de introspecção e reflexão mostrados em diálogos elaborados e excelentes atuações.

Poderia ser Jesus como poderia ser uma pessoa qualquer em busca do próprio EU. Jesus é uma pessoa comum, com questionamentos, medos e inseguranças. Me lembrou muito O Evangelho Segundo Jesus Cristo, belíssimo livro de José Saramago onde Jesus questiona seu destino pra Deus:  "Por que eu?" "Como você pode fazer isso com o Seu próprio filho?"

O final, bem, o final todos conhecemos....Da solidão do deserto pra solidão da cruz.

Tenha você uma religião ou não, e seja ela qual for, é um lindo filme que merece ser visto!




Super Vale Ver ! 


Crítica por Karina Massud 

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