PiTacO do PapO! 'Cercas' - 2017
NOTA 9.0
Cercas, muros, muralhas, grades.
Quem nunca as levantou pra se proteger de algo bom ou ruim?!
Em 'Fences' (Cercas, 2016), adaptação da peça de mesmo nome de August Wilson, existem duas cercas: a real, que há meses ensaia ser construÃda ao redor da casa, e a cerca que existe entre os membros da famÃlia: o pai com os filhos e entre marido e mulher, barreira essa que vemos cair lá pela metade da trama. E dentro dessa cerca eles estiveram protegidos....protegidos porém estagnados por quase 20 anos.
A cerca da casa precisa ser construÃda e a cerca que existe entre essas pessoas destruÃda. Ela é feita de todas as angústias e frustrações acumuladas por eles ao longo da vida.
Troy (Denzel Washington, que também dirige o longa e peca um pouco nesse quesito, pois o filme ficou um pouco longo) é um jogador de baseball frustrado, que não conseguiu fazer carreira no esporte por ser velho demais e ganha a vida como lixeiro nos EUA do Pós-Segunda Guerra, onde ainda vigorava a segregação e discriminação racial . Ele é casado com Rose (Viola Davis), dona de casa que tem com ele um filho adolescente, Cory (Jovan Adepo), que, pra tristeza do pai, também quer ser jogador de baseball. Ele tem também um filho músico do primeiro casamento - seu apetite sexual é notório.
Troy tem momentos de grande humor e simpatia, onde todos riem de seus 'causos' (que são muitos) e musiquinhas que floreiam suas histórias. Em outros momentos ele explode em raiva, arrependimento e rancor, quando relembra sua dura infância, quando saiu de casa aos 14 anos e passou a roubar para poder comer, usando de requintes de crueldade pra tratar o filho. Sua vida vai sendo contada ao longo desses diálogos que explicam suas atitudes diante da famÃlia e da vida.
Eles vivem uma vida bem simples no subúrbio, não chega a ser miserável mas o dinheiro é contado. A casa própria, é graças a indenização ganhada pelo irmão Gabe por ter sido baleado na Segunda Guerra, o que lhe rendeu também uma placa de metal na cabeça e muita insanidade.
O foco da trama são todas essas relações mal resolvidas: talvez a única descomplicada seja a amizade de Troy com Bono (Stephen Henderson, que interpreta um amigo que todos querÃamos ter), amigo desde a época de presÃdio que o acompanha no trabalho e na casa, e com quem troca confidências e conselhos.
Interpretações fenomenais de todo o afiadÃssimo elenco - destaque para Viola Davis que está magistral em cenas de arrepiar! Prepare-se para diálogos cortantes, crus e cheios de emoção entre os personagens. Memoráveis a discussão catártica de Rose e Troy e o diálogo hipotético dele com a Sra. Morte.
É um drama denso e dolorido, um tanto quanto amargo... mas belo.
Super Vale Ver !
Por Karina Massud
Cercas, muros, muralhas, grades.
Quem nunca as levantou pra se proteger de algo bom ou ruim?!
Em 'Fences' (Cercas, 2016), adaptação da peça de mesmo nome de August Wilson, existem duas cercas: a real, que há meses ensaia ser construÃda ao redor da casa, e a cerca que existe entre os membros da famÃlia: o pai com os filhos e entre marido e mulher, barreira essa que vemos cair lá pela metade da trama. E dentro dessa cerca eles estiveram protegidos....protegidos porém estagnados por quase 20 anos.
A cerca da casa precisa ser construÃda e a cerca que existe entre essas pessoas destruÃda. Ela é feita de todas as angústias e frustrações acumuladas por eles ao longo da vida.
Troy (Denzel Washington, que também dirige o longa e peca um pouco nesse quesito, pois o filme ficou um pouco longo) é um jogador de baseball frustrado, que não conseguiu fazer carreira no esporte por ser velho demais e ganha a vida como lixeiro nos EUA do Pós-Segunda Guerra, onde ainda vigorava a segregação e discriminação racial . Ele é casado com Rose (Viola Davis), dona de casa que tem com ele um filho adolescente, Cory (Jovan Adepo), que, pra tristeza do pai, também quer ser jogador de baseball. Ele tem também um filho músico do primeiro casamento - seu apetite sexual é notório.
Troy tem momentos de grande humor e simpatia, onde todos riem de seus 'causos' (que são muitos) e musiquinhas que floreiam suas histórias. Em outros momentos ele explode em raiva, arrependimento e rancor, quando relembra sua dura infância, quando saiu de casa aos 14 anos e passou a roubar para poder comer, usando de requintes de crueldade pra tratar o filho. Sua vida vai sendo contada ao longo desses diálogos que explicam suas atitudes diante da famÃlia e da vida.
Eles vivem uma vida bem simples no subúrbio, não chega a ser miserável mas o dinheiro é contado. A casa própria, é graças a indenização ganhada pelo irmão Gabe por ter sido baleado na Segunda Guerra, o que lhe rendeu também uma placa de metal na cabeça e muita insanidade.
O foco da trama são todas essas relações mal resolvidas: talvez a única descomplicada seja a amizade de Troy com Bono (Stephen Henderson, que interpreta um amigo que todos querÃamos ter), amigo desde a época de presÃdio que o acompanha no trabalho e na casa, e com quem troca confidências e conselhos.
Interpretações fenomenais de todo o afiadÃssimo elenco - destaque para Viola Davis que está magistral em cenas de arrepiar! Prepare-se para diálogos cortantes, crus e cheios de emoção entre os personagens. Memoráveis a discussão catártica de Rose e Troy e o diálogo hipotético dele com a Sra. Morte.
É um drama denso e dolorido, um tanto quanto amargo... mas belo.
Super Vale Ver !
Por Karina Massud
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