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PiTacO do PapO! 'Jackie' - 2017

NOTA 9.0


* Por Karina Massud 



Jacqueline Bouvier Kennedy (posteriormente Onassis) foi uma mulher única. Nascida em uma rica família americana, teve uma vida aristocrática, sempre estudando nos melhores colégios, vestindo as melhores roupas e frequentando os melhores lugares. Casou-se com o senador John F. Kennedy, que em 1960 foi eleito Presidente dos EUA fazendo dela uma das mais jovens primeiras damas da história.

Ela foi responsável por alçar o cargo a uma importância antes inexistente. Tornou-se ícone de elegância e bom gosto, e com ela se iniciou o culto à imagem e à vida como espetáculo público. 

Em novembro de 1963 durante uma visita a Dallas, estado do Texas, John Kennedy foi assassinado com um tiro na cabeça. O filme do excelente cineasta chileno Pablo Larraín tem como foco os dias seguintes à tragédia - Uma semana após o assassinato de Kennedy (como ela carinhosamente chamava o marido), Jackie foi entrevistada pelo jornalista da revista Life, Theodore White. E o fio condutor do longa é essa entrevista.


O roteiro é desenvolvido de maneira enxuta sem se estender demais nas cenas, que vão do quotidiano de Jaqueline como primeira-dama, seus compromissos oficiais, os saraus e festas que ela promovia na Casa Branca até o dia fatídico, a posse do vice-presidente ainda dentro do avião presidencial e o funeral de Kennedy.

Como Jackie lidou com o luto, o conflito da dor pessoal com o luto público e nacional  (talvez mundial). Sua vaidade em querer um funeral pomposo que fosse (e foi) lembrado pela História, e seu temor em cair na pobreza e esquecimento após sair da Casa Branca. Todos esses momentos são intensos e mostram o turbilhão emocional que havia dentro daquela mulher que parecia se manter inabalável. Em público, a ex-primeira-dama se mostrava impassível, prática e distante, em alguns momentos até catatônica, só desabando nos poucos momentos de privacidade e solidão.

Natalie Portman está soberba, ela se transformou em Jacqueline Kennedy: na expressão facial, na altivez, na entonação de voz e gestual delicado e discreto. Pelo papel, ela recebeu merecidas indicações a vários prêmios, incluindo o Oscar de Melhor Atriz.

Há diálogos muito bons com o cunhado e amigo, Bob Kennedy, (em excelente atuação de Peter Sarsgaard), que foi muito importante nas decisões tomadas após a tragédia. Ótimas cenas também com o padre conselheiro que ouviu suas indignações e sua revolta com Deus (um dos últimos trabalhos do saudoso John Hurt).

Muitas das cenas são mostradas como se fossem imagens de arquivo, umas com um filtro antigo outras em preto e branco, como a visita à Casa Branca que Jackie fez em programa especial para a TV, recurso esse que deixou o filme muito mais interessante.

A reconstituição dos cenários da época, objetos históricos e do momento do assassinato são perfeitas. O figurino, favorito a ganhar o Oscar na categoria, é um brilho à parte: todo o guarda-roupa de Jackie e de seus filhos Caroline e John, em especial os mais icônicos, o tailleur rosa com casquete Chanel que ela usava no dia da tragédia (inclusive a Maison Chanel enviou réplicas dos botões para a figurinista), as roupas Christian Dior e Oleg Cassini (seus estilistas favoritos), o tailleur vermelho da visita à Casa Branca e as roupas do funeral.

"Jackie" é uma sucinta mas bela cinebiografia, uma deliciosa incursão na intimidade dessa mulher fascinante que permanece como lenda até os dias de hoje.







Super Vale Ver ! 

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