PiTacO do PapO! 'Comeback' - 2017
NOTA 9.0
Por Rogério Machado
'Batizado' pelo conceituado site americano Hollywood Reporter de 'um moderno faroeste ousado e divertido', 'Comeback', estrelado pelo grande Nelson Xavier, acabou de chegar aos cinemas depois de fazer uma bela trilha internacional. O filme, que também foi destaque no Festival de Cinema Rio em 2016 , tem à frente da direção, o estreante Érico Rassi que certamente fez um trabalho magnÃfico e crava logo o pé direito na história recente do cinema nacional.
A história acompanha Amador (Nelson Xavier, em atuação crescente e quase hipinótica), um pistoleiro aposentado que vive como negociador trabalhando para o odioso Tio, bandido da mesma geração do protagonista e um dos “donos” do lugar. Hoje ele vive de alugar máquinas caça nÃquel, e claro, das lembranças de um passado em que ele era um temido matador de aluguel. Passado esse, que ele faz questão de anunciar aos que não conhecem seu pregresso 'glorioso', através de um álbum repleto de recortes de jornal noticiando as chacinas e mortes encomendadas a ele.
Para se ter um noção da importância de um filme assim para o nosso cinema, 'Comeback' foi comparado ao icônico 'Onde os Fracos Não tem Vez' dos irmão Cohen, e realmente senti isso ao assistir essa inspiração, ou referência, ao aclamado ganhador do Oscar de 2008. O longa de Rassi tem narrativa densa e compassada, assim como a fotografia de André Carvalheira, que com tons esmaecidos, e entre cinzas e amarelados , andam de mãos dadas com a pegada que nos remete à esses westerns contemporâneos.
Com um personagem feito especialmente pra ele, Nelson Xavier , que levou o láurea de Melhor Ator por esta produção no Festival do Rio, nos leva junto em seu retorno kamikaze ao mundo do crime. Percebemos sua inquietação ao não ser mais útil, a não ser reconhecido pela 'função' que 'construiu' sua reputação ao longo dos anos. Rassi nesse ponto da história faz um paralelo interessante com a situação de toda pessoa que chega a terceira idade e pelo desprezo, acabam se achando inválidos. Apesar de ser mais inclinado ao drama, a grande sacada desse gancho confere humor afiado e sutil ao texto.
Outro grande acerto de 'Comeback' é guardar a intensidade para o catártico clÃmax. Sem ser apressado e respeitando o tempo de Amador, o “dono” do filme, a parte final é narrativamente impecável e faz bom uso de detalhes inseridos despretensiosamente no começo da pelÃcula, transformando alguns momentos (como a cena em que o pistoleiro vai buscar suas metralhadoras) em um belo fechamento de ciclo. Amparado ainda por um elenco secundário de peso, o filme é mais um exemplo do cinema nacional que deu certo.
Lamentei somente duas coisas: uma sessão de estreia tão vazia e por ter sido a última vez que veria o mestre Nelson Xavier em um filme inédito nas telonas. Valorizemos pois o cinema nacional - será que é pedir muito?
Super Vale Ver !
Por Rogério Machado
'Batizado' pelo conceituado site americano Hollywood Reporter de 'um moderno faroeste ousado e divertido', 'Comeback', estrelado pelo grande Nelson Xavier, acabou de chegar aos cinemas depois de fazer uma bela trilha internacional. O filme, que também foi destaque no Festival de Cinema Rio em 2016 , tem à frente da direção, o estreante Érico Rassi que certamente fez um trabalho magnÃfico e crava logo o pé direito na história recente do cinema nacional.
Para se ter um noção da importância de um filme assim para o nosso cinema, 'Comeback' foi comparado ao icônico 'Onde os Fracos Não tem Vez' dos irmão Cohen, e realmente senti isso ao assistir essa inspiração, ou referência, ao aclamado ganhador do Oscar de 2008. O longa de Rassi tem narrativa densa e compassada, assim como a fotografia de André Carvalheira, que com tons esmaecidos, e entre cinzas e amarelados , andam de mãos dadas com a pegada que nos remete à esses westerns contemporâneos.
Com um personagem feito especialmente pra ele, Nelson Xavier , que levou o láurea de Melhor Ator por esta produção no Festival do Rio, nos leva junto em seu retorno kamikaze ao mundo do crime. Percebemos sua inquietação ao não ser mais útil, a não ser reconhecido pela 'função' que 'construiu' sua reputação ao longo dos anos. Rassi nesse ponto da história faz um paralelo interessante com a situação de toda pessoa que chega a terceira idade e pelo desprezo, acabam se achando inválidos. Apesar de ser mais inclinado ao drama, a grande sacada desse gancho confere humor afiado e sutil ao texto.
Outro grande acerto de 'Comeback' é guardar a intensidade para o catártico clÃmax. Sem ser apressado e respeitando o tempo de Amador, o “dono” do filme, a parte final é narrativamente impecável e faz bom uso de detalhes inseridos despretensiosamente no começo da pelÃcula, transformando alguns momentos (como a cena em que o pistoleiro vai buscar suas metralhadoras) em um belo fechamento de ciclo. Amparado ainda por um elenco secundário de peso, o filme é mais um exemplo do cinema nacional que deu certo.
Lamentei somente duas coisas: uma sessão de estreia tão vazia e por ter sido a última vez que veria o mestre Nelson Xavier em um filme inédito nas telonas. Valorizemos pois o cinema nacional - será que é pedir muito?
Super Vale Ver !
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