PiTacO do PapO! ' Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar' - 2017
NOTA 8.0
Por Vinícius Martins @cinemarcante
Parece que ninguém envelhece em 'Piratas do Caribe'.
Dez anos se passaram desde a estreia de 'No Fim Do Mundo', enquanto quase vinte anos correram dentro da ordem cronológica dos filmes desde que Davy Jones foi derrotado, e os rostos dos protagonistas não parecem envelhecer nadinha. Isto é, ou eles não envelhecem ou as crianças daquele universo crescem rápido demais.
É curioso que, dentro de um corpo tão vasto de personagens e tramas secundárias, seja necessário criar “novos” protagonistas para conseguir reviver essa saga bilionária depois do fiasco lamentável que foi 'Navegando Em Águas Misteriosas'(2011), lançado seis anos atrás, se comparado aos seus três antecessores. E falando no diabo, o quarto capítulo da cinessérie foi completamente ignorado nesta sequência (salvo uma breve menção ao Barba Negra quando o roteirista Jeff Nathanson expõem ao novo público como foi que o Pérola Negra acabou preso em uma garrafa). Talvez, quem sabe, em algum possível novo filme, a cena pós créditos de 'Navegando' não vingue e faça algum sentido dentro da mitologia. Só esperando pra ver.
A direção da dupla Joachim Rønning e Espen Sandberg (realizadores do belíssimo Kon Tiki) é prática e inteligente, porém percebe-se uma insegurança implícita quanto aos rumos que a história toma. Parece, por alguns instantes, que o filme rema contra sua própria maré, querendo forçar um modelo já instituído dentro da franquia e negando sua própria corrente. O fluxo natural que enreda a produção, talvez resultasse em uma conclusão diferente da vista nos cinemas.
A “poesia” ocorrida no fim do clímax, explorando um drama familiar mal desenvolvido, soa despropositado e até fora de contexto; é estampado na cena em questão que força-se uma relação de amor paternal que poderia nitidamente ter um desfecho diferente do visto na tela, que foi feito daquele modo para dar um ar dramático e mais “épico” à conclusão desse arco.
O roteiro toma alguns atalhos para arredondar a trama, fugindo da complexidade e entupindo a história de coincidências absurdas, e o resultado é uma saraivada de cenas sem explicação ou bom desenvolvimento; não que explicações sejam o forte dos filmes Piratas, não é mesmo?! Uma das coisas mais insanas e incoerentes de toda a franquia até agora (e olha que estamos falando de homens com cara de polvo, piratas amaldiçoados, vórtices em alto mar e navios que afundam e emergem) é a fuga de Gibbs e sua tripulação de piratas (que nesse filme são retratados como um bando de imbecis) do navio da marinha britânica em 'A Vingança de Salazar'. Sem entregar muitos detalhes, há uma cena em que os piratas conseguem escapar da cela usando um objeto pontiagudo e roubam um barco (num convés lotado de guardas) para fugir dali. Um pouco adiante havia outro navio, um de bandeira pirata, e ambos os navios estão navegando a todo pano, já que trata-se de uma cena de fuga. No entanto, Gibbs e seus homens conseguem chegar ao navio pirata antes do navio britânico, remando e passando a frente do rápido navio militar que seguia com velas abertas durante a perseguição.
Por outro lado, se existe algo extremamente louvável nesse novo filme é a parte técnica. A fotografia é linda demais, com paletas de cores que contrastam diretamente com o aspecto monocromático da tripulação do capitão Salazar. O diretor de fotografia Paul Cameron (que já trabalhou com o produtor Jerry Bruckheimer em 'Déjà Vu') e a dupla de diretores optaram aqui por um estilo mais câmera na mão, mas sem dar cansaço aos olhos ou tontura à mente dos espectadores, fazendo as cenas no equilíbrio certo para inserir o público nas tomadas exibidas desse modo. O 3D também se torna aqui um aliado, sendo bem empregado e contribuindo com a percepção dos ambientes. O compositor Jeoff Zanelli fez bom uso da trilha desenvolvida por Hans Zimmer para 'No Fim Do Mundo' e reinventa temas para despertar a memória musical dos fãs; com isso ele acaba presenteando com seu trabalho um plano capaz de provocar 'suor nos olhos'. (risos)
'Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar' não é o melhor filme da franquia, mas pelo menos supera de lavada o longa de 2011. Apesar de não ter o mesmo timing que a primeira trilogia, ele serve como uma boa introdução para prováveis vindouros longas e é um entretenimento pipoca excelente. As sequências de ação e os diálogos presentes nelas não são inovadores, mas conseguem arrancar gargalhadas até de quem vai sério ao cinema. A hora da execução de Jack e de Carina é o exemplo perfeito do que quero dizer.
É uma trama episódica? É sim.
O filme explora o caráter de Jack como os outros? Não.
Salazar é um vilão esquecível? Não. Estamos falando de Javier Bardem.
Há mudanças significativas para a franquia como um todo nesse novo filme? Sim, há.
Então, mesmo sem esperar que seja o melhor dentre os longas já produzidos na série, é bom conferir o filme na tela grande e dar a devida atenção a ele desde o seu primeiro minuto, com a emocionante e bela abertura que tem, até o último, com o desfecho de sua cena pós créditos.
Vale Ver !
Por Vinícius Martins @cinemarcante
Parece que ninguém envelhece em 'Piratas do Caribe'.
Dez anos se passaram desde a estreia de 'No Fim Do Mundo', enquanto quase vinte anos correram dentro da ordem cronológica dos filmes desde que Davy Jones foi derrotado, e os rostos dos protagonistas não parecem envelhecer nadinha. Isto é, ou eles não envelhecem ou as crianças daquele universo crescem rápido demais.
É curioso que, dentro de um corpo tão vasto de personagens e tramas secundárias, seja necessário criar “novos” protagonistas para conseguir reviver essa saga bilionária depois do fiasco lamentável que foi 'Navegando Em Águas Misteriosas'(2011), lançado seis anos atrás, se comparado aos seus três antecessores. E falando no diabo, o quarto capítulo da cinessérie foi completamente ignorado nesta sequência (salvo uma breve menção ao Barba Negra quando o roteirista Jeff Nathanson expõem ao novo público como foi que o Pérola Negra acabou preso em uma garrafa). Talvez, quem sabe, em algum possível novo filme, a cena pós créditos de 'Navegando' não vingue e faça algum sentido dentro da mitologia. Só esperando pra ver.
A direção da dupla Joachim Rønning e Espen Sandberg (realizadores do belíssimo Kon Tiki) é prática e inteligente, porém percebe-se uma insegurança implícita quanto aos rumos que a história toma. Parece, por alguns instantes, que o filme rema contra sua própria maré, querendo forçar um modelo já instituído dentro da franquia e negando sua própria corrente. O fluxo natural que enreda a produção, talvez resultasse em uma conclusão diferente da vista nos cinemas.
A “poesia” ocorrida no fim do clímax, explorando um drama familiar mal desenvolvido, soa despropositado e até fora de contexto; é estampado na cena em questão que força-se uma relação de amor paternal que poderia nitidamente ter um desfecho diferente do visto na tela, que foi feito daquele modo para dar um ar dramático e mais “épico” à conclusão desse arco.
O roteiro toma alguns atalhos para arredondar a trama, fugindo da complexidade e entupindo a história de coincidências absurdas, e o resultado é uma saraivada de cenas sem explicação ou bom desenvolvimento; não que explicações sejam o forte dos filmes Piratas, não é mesmo?! Uma das coisas mais insanas e incoerentes de toda a franquia até agora (e olha que estamos falando de homens com cara de polvo, piratas amaldiçoados, vórtices em alto mar e navios que afundam e emergem) é a fuga de Gibbs e sua tripulação de piratas (que nesse filme são retratados como um bando de imbecis) do navio da marinha britânica em 'A Vingança de Salazar'. Sem entregar muitos detalhes, há uma cena em que os piratas conseguem escapar da cela usando um objeto pontiagudo e roubam um barco (num convés lotado de guardas) para fugir dali. Um pouco adiante havia outro navio, um de bandeira pirata, e ambos os navios estão navegando a todo pano, já que trata-se de uma cena de fuga. No entanto, Gibbs e seus homens conseguem chegar ao navio pirata antes do navio britânico, remando e passando a frente do rápido navio militar que seguia com velas abertas durante a perseguição.
Por outro lado, se existe algo extremamente louvável nesse novo filme é a parte técnica. A fotografia é linda demais, com paletas de cores que contrastam diretamente com o aspecto monocromático da tripulação do capitão Salazar. O diretor de fotografia Paul Cameron (que já trabalhou com o produtor Jerry Bruckheimer em 'Déjà Vu') e a dupla de diretores optaram aqui por um estilo mais câmera na mão, mas sem dar cansaço aos olhos ou tontura à mente dos espectadores, fazendo as cenas no equilíbrio certo para inserir o público nas tomadas exibidas desse modo. O 3D também se torna aqui um aliado, sendo bem empregado e contribuindo com a percepção dos ambientes. O compositor Jeoff Zanelli fez bom uso da trilha desenvolvida por Hans Zimmer para 'No Fim Do Mundo' e reinventa temas para despertar a memória musical dos fãs; com isso ele acaba presenteando com seu trabalho um plano capaz de provocar 'suor nos olhos'. (risos)
'Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar' não é o melhor filme da franquia, mas pelo menos supera de lavada o longa de 2011. Apesar de não ter o mesmo timing que a primeira trilogia, ele serve como uma boa introdução para prováveis vindouros longas e é um entretenimento pipoca excelente. As sequências de ação e os diálogos presentes nelas não são inovadores, mas conseguem arrancar gargalhadas até de quem vai sério ao cinema. A hora da execução de Jack e de Carina é o exemplo perfeito do que quero dizer.
É uma trama episódica? É sim.
O filme explora o caráter de Jack como os outros? Não.
Salazar é um vilão esquecível? Não. Estamos falando de Javier Bardem.
Há mudanças significativas para a franquia como um todo nesse novo filme? Sim, há.
Então, mesmo sem esperar que seja o melhor dentre os longas já produzidos na série, é bom conferir o filme na tela grande e dar a devida atenção a ele desde o seu primeiro minuto, com a emocionante e bela abertura que tem, até o último, com o desfecho de sua cena pós créditos.
Vale Ver !
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