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PiTacO do PapO! 'Théo & Hugo : Paris 5:59' - 2016

NOTA 9.0



Costumo dizer que diversas obras ficarão por muitas vezes reduzidas à um determinado nicho ou público, simplesmente pelo preconceito ou puramente pelo fato da arte não ser exatamente o foco na vida de quem só vê um filme pra se divertir - Foge das análises mais profundas ou ainda não tem a mínima intenção de abrir a cabeça para enxergar por outros prismas as imagens apresentadas na tela, ou mesmo a concepção e o ponto de vista (por mais que seja diferente do seu) de determinada obra. À primeira vista, o drama francês 'Théo & Hugo' , ainda inédito no Brasil, pode parecer mais um filme com cenas de sexo explícito gratuitas somente para chamar a atenção do público interessado ou ainda fomentar a fúria dos desavisados ou moralistas de plantão, mas indo mais adiante percebemos que a produção se trata muito mais do que isso. 


Logo nos primeiros vinte minutos seremos pegos de surpresa quando a câmera dos diretores Olivier Ducastel e Jacques Martineau adentram uma boate gay onde grande parte dos frequentadores estão nus. Com o azul e o vermelho predominando a tela e o uso de músicas eletrônicas abafando as falas e gemidos, esse primeiro momento de “Théo & Hugo” pode muito bem ser confundido com um pornô gay, no entanto, há algo de verdadeiramente especial quando Martineau e Ducastel encenam o surgimento de uma química que explode entre Théo (Geoffrey Couët) e Hugo (François Nambot), dois estranhos cujos olhares se encontram e se fascinam.

'O Desejo é estúpido' - ouvimos da boca do personagem Hugo à certa altura. Essa afirmativa se justifica e encaixa-se como uma luva pelos acontecimentos que se sobrepõem a primeira cena quentíssima de sexo. Do paraíso ao inferno, o recém casal de cara experimenta o gosto ruim das consequências de atos inconsequentes. O que parecia ser mais um filme sobre amores repentinos dentro da temática com doses quentes de sexo 'quase explícito',  se transforma numa cartilha sobre prevenção no sexo e cuidados após a relação com um soropositivo. 

É justamente aí que a direção de Ducastel e Martineau se fazem ouvir sem precisar de gritar. Passado o afã inicial,  o que vem a seguir é duro, cruel e na verdade sinaliza o papel social que o cinema tem para alertar o espectador sobre o mal do século : nesse caso a AIDS.  Porém, outro acerto é 'suavizar' todo esse pesadelo com uma linda e instantânea história de amor, que surge de uma maneira inusitada, mas reforça a máxima de que o amor à primeira vista pode existir. 

O final é daqueles que dão vontade de voltar e ver o filme todo de novo, só pra saber que aquele desfecho existe e seria uma delícia esperar por ele. O amor em 'Théo & Hugo, tem dia , hora e lugar pra acontecer. 





Super Vale Ver ! 

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