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PiTacO do PapO! 'Carros 3' - 2017

NOTA 9.0


Por Vinícius Martins @cinemarcante 


Quando se vê o nome da Pixar - com sua luminária saltitante - em cartazes ou introduções de filmes, logo remete-se a uma palavra fortíssima que define muito bem a empresa da Disney: qualidade. Dentre seus quase vinte filmes já lançados, os mais fraquinhos (os medianos, como 'Carros 2’ e 'O Bom Dinossauro’) ainda conseguem ser melhores do que a maioria dos filmes dos estúdios concorrentes. Não é exagero afirmar que competência e boas idéias andam de mãos dadas com a Pixar.

Após críticas perversas (e em sua maioria justas) com o segundo filme da trilogia de McQueen, a mão foi acertada e o tom foi reencontrado dentro do que foi encantador no primeiro longa: o moralismo. A necessidade de colocar em plano quase subliminar mensagens “fofas” e impactantes em seus filmes, é uma marca registrada da empresa, que sempre deu muita importância para o que é passado para as crianças e jovens que assistem as suas produções. No primeiro 'Carros', em 2006, a mensagem foi sobre repensar valores e dar a devida importância para o que deveria ser desde sempre uma prioridade: a felicidade sem a falsa ilusão de uma conquista vazia que dá apenas um título. No segundo filme, porém, foi usado o fator da espionagem para explorar a amizade e a deficiência no julgamento pelas aparências - e esse método não agradou muito aos críticos, mas vendeu diversos brinquedos e fez vingar a ideia de criar uma franquia derivada, 'Aviões’.

Já nesse novo filme, a lição de moral veio de forma mais pesada. O acidente (uma cena fortíssima) que gerou a necessidade de superação do protagonista é um gatilho para sua jornada, mas apesar disso é uma trama sub aproveitada em uma passagem superficial pelo período de recuperação da tragédia que se resume em palavras na tela indicando a passagem dos meses. A lição a que me referi acabou sendo, no fim das contas, sobre a relação entre tutor e aprendiz em suas nuances mais complexas e íntimas, onde compreender o passado se torna a única chance de viver o desejado futuro do retorno às pistas de corrida.

Estar velho - ou ultrapassado - não é aqui só um empecilho para dar uma carga dramática extra para a já complicada situação onde McQueen se encontra, mas sua finalidade, é servir de ponte para criar um outro arco, onde o aprendiz se torna seu mestre e passa-se a entender coisas até então ignoradas por ele e pelo grande público da franquia até então: a necessidade de se reinventar e vencer o maior adversário que se pode ter - a si mesmo.

'Carros 3' não supera o primeiro, mas resgata o espírito daquela produção surpreendente que criou uma geração de pequenos viciados em velocidade. Após o leque maravilhoso de grandes filmes que a empresa deu ao mundo, a casa de ideias por fim seguiu seu próprio produto e buscou uma reinvenção, que aqui chegou através da sequência dessa temática gasta que o universo de Carros se tornou, criando uma mensagem de aceitação e adequação para esse mistério da vida chamado envelhecer.



Super Vale Ver ! 

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