Dica do Papo! Matéria Especial: 'Calígula', é só pornografia' ?
Preciso dizer que sempre me esquivei de lançar mão de um tempo (...e que tempo! Já que a produção tem pouco mais de 2 horas de duração) para assistir 'Calígula'. Pelo que ouvia, realmente parecia ser nada mais que um filme pornô: tudo explícito, sexo sem contexto, algumas sujeiras e outras 'nojentices'. Depois de vê-lo, constatei que - embora haja realmente algumas cenas que possam ser consideradas fortes - a linha que separa 'Calígula' de uma produção pornô não é tênue e qualquer pessoa que tenha noção do que seja um filme pornô não ousaria tomar o longa por esse gênero.
O filme de 1979 do diretor Tinto Brass e Bob Guccione é polêmico até o tutano, sim é verdade, mas enquanto aspirante a crítico, os achismos e pré conceitos devem ser deixamos de lado, sendo necessário um olhar que vença a grafia utilizada, uma análise que vença pudores.
'Calígula' se resume em pura pornografia?
Me fiz essa pergunta antes de assistir, por isso a curiosidade e o anseio de tirar minhas próprias conclusões falaram mais alto.
Não resta dúvida de que o filme que narra as venturas do megalomaníaco Calígula César tenha quebrado tabus e dividido Hollywood -a
produção é uma das mais polêmicas realizações do cinema - o único que mostra o show de perversões que o Império Romano escondia, e conta a história do mais louco dos imperadores, que mantinha um bizarro caso sexual com sua irmã, e era casado com a mais infame das prostitutas. Ao mesmo tempo que Calígula vivia cercado de bajuladores, tinha também inimigos perigosos, loucos para vê-lo longe do poder.
O filme narra a história desse imperador ; sua ascensão e o seu declínio são mostrados assim como o seu excêntrico comportamento, que inclui extrema violência, deboche, muita humilhação e a organização de orgias absurdamente exageradas. Alguns pensam não haver roteiro no filme, mas garanto que ele existe e é eficiente na sua proposta de apresentar o Imperador como uma pessoa voltada para suas próprias escolhas e decisões, por mais bizarras que fossem.
Pelo eficaz retrato da Roma antiga , acredito ser válido tirar um tempo para a sessão: em livros, temos conhecimentos das orgias e sessões constantes de sexo, seja hétero ou homossexual, assim como sabemos das disputas pessoais entre membros da mesma família para obter o poder. O filme nos permite ver - de maneira muito objetiva e nada didática - como a coisa funciona na prática. Devido a isso, vemos várias cenas bastante explícitas, incluindo masturbação, penetrações, sexo oral (que, em duas cenas, chocam os espectadores mais pudicos e mais conservadores).
Assim como dividiu Hollywood, quando muitos diretores recusaram assumi-lo por conta do conteúdo explícito, o filme também dividiu a crítica: A película, como era de se imaginar, acabou sendo rechaçada por toda a opinião especializada. Roger Ebert, o mais famoso dos críticos americanos, deu nota 0 ao filme, considerando-o um lixo indescritível. Outros tantos críticos reforçaram o fato de que possivelmente em todo o filme apenas 6 minutos de seus 150 no total sejam de qualidade, estando o resto voltado aos bacanais e sadismos de Calígula e de toda a trupe romana.
De fundo histórico, o filme é mais uma visão desse período dentro do império romano e o sexo acaba sendo uma maneira de ilustrar o modo como os romanos viam o sexo, a violência, e a liberdade de demonstrá-los.
Polêmico, controverso. Sádico e escatológico. 'Calígula' tornou-se um dos filmes mais paradoxalmente repudiados e “cultuados” da história do Cinema, justamente por toda essa, podemos dizer assim, “ousadia estética” e principalmente pelo furor causado em meio a sociedade.
De tom teatral e apelo dramático em diversas cenas, a superprodução com grandiosos cenários e figurinos à perder de vista, com o elenco do primeiro time, onde se destacam Malcolm McDowell - de inexorável atuação multifacetada e inteligente - Peter O'Toole, John Gielgud e Helen Mirren, 'Calígula' é um filme que choca pela sua beleza e naturalidade com que trata temas considerados tabus pela sociedade.
O filme de 1979 do diretor Tinto Brass e Bob Guccione é polêmico até o tutano, sim é verdade, mas enquanto aspirante a crítico, os achismos e pré conceitos devem ser deixamos de lado, sendo necessário um olhar que vença a grafia utilizada, uma análise que vença pudores.
'Calígula' se resume em pura pornografia?
Me fiz essa pergunta antes de assistir, por isso a curiosidade e o anseio de tirar minhas próprias conclusões falaram mais alto.
Não resta dúvida de que o filme que narra as venturas do megalomaníaco Calígula César tenha quebrado tabus e dividido Hollywood -a
produção é uma das mais polêmicas realizações do cinema - o único que mostra o show de perversões que o Império Romano escondia, e conta a história do mais louco dos imperadores, que mantinha um bizarro caso sexual com sua irmã, e era casado com a mais infame das prostitutas. Ao mesmo tempo que Calígula vivia cercado de bajuladores, tinha também inimigos perigosos, loucos para vê-lo longe do poder.
O filme narra a história desse imperador ; sua ascensão e o seu declínio são mostrados assim como o seu excêntrico comportamento, que inclui extrema violência, deboche, muita humilhação e a organização de orgias absurdamente exageradas. Alguns pensam não haver roteiro no filme, mas garanto que ele existe e é eficiente na sua proposta de apresentar o Imperador como uma pessoa voltada para suas próprias escolhas e decisões, por mais bizarras que fossem.
Pelo eficaz retrato da Roma antiga , acredito ser válido tirar um tempo para a sessão: em livros, temos conhecimentos das orgias e sessões constantes de sexo, seja hétero ou homossexual, assim como sabemos das disputas pessoais entre membros da mesma família para obter o poder. O filme nos permite ver - de maneira muito objetiva e nada didática - como a coisa funciona na prática. Devido a isso, vemos várias cenas bastante explícitas, incluindo masturbação, penetrações, sexo oral (que, em duas cenas, chocam os espectadores mais pudicos e mais conservadores).
De fundo histórico, o filme é mais uma visão desse período dentro do império romano e o sexo acaba sendo uma maneira de ilustrar o modo como os romanos viam o sexo, a violência, e a liberdade de demonstrá-los.
Polêmico, controverso. Sádico e escatológico. 'Calígula' tornou-se um dos filmes mais paradoxalmente repudiados e “cultuados” da história do Cinema, justamente por toda essa, podemos dizer assim, “ousadia estética” e principalmente pelo furor causado em meio a sociedade.
De tom teatral e apelo dramático em diversas cenas, a superprodução com grandiosos cenários e figurinos à perder de vista, com o elenco do primeiro time, onde se destacam Malcolm McDowell - de inexorável atuação multifacetada e inteligente - Peter O'Toole, John Gielgud e Helen Mirren, 'Calígula' é um filme que choca pela sua beleza e naturalidade com que trata temas considerados tabus pela sociedade.
'Papo de Cinemateca - Muito Cinema pra Todo Mundo.'
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