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PiTacO do PapO! 'A Dançarina' - 2016

NOTA 8.0


Por Karina Massud @cinemassud 


Se viver de arte nos dias atuais já é difícil, imagine viver da dança em pleno século 19....  A trama de “A Dançarina”, cinebiografia que foi destaque no festival de Cannes 2016, conta a história da extraordinária Marie Louise Fuller, que saiu da vida quase que selvagem no meio-oeste americano para se tornar uma dançarina revolucionária e transgressora.

Depois de perder seu pai de forma brutal, Marie Louise decide ir para NYC se abrigar com a mãe, e lá ela descobre que ama dançar. Seguindo seu talento autodidata ela cria a “ Dança Serpentina”, um balé com movimentos lânguidos onde ela usava enormes vestidos esvoaçantes de seda com hastes de madeira nos braços e muitos efeitos de luzes ( lembrando que a eletricidade era algo novíssimo), dando um efeito sensacional durante a performance, algo como uma borboleta ou um beija-flor.

Ela fez muito sucesso nos EUA, mas no entanto lá era tida apenas como uma atriz de circo e ainda teve sua técnica apropriada indevidamente. Loie Fuller ( o nome artístico que adotou) muda-se então para Paris, onde vivia-se a efervescente Bélle Epoque, onde não só conseguiu patentear a “Dança Serpentina” como alcançou a glória e teve sua arte reconhecida.

A cantora e atriz francesa Soko interpreta com delicadeza e vigor físico a dançarina, que batalhou não só pra ter suas coreografias levadas à sério, mas também para executá-las. Como em qualquer estilo de dança o resultado final da serpentina é fruto de ensaios exaustivos, muitas dores no corpo e, no caso de Loie, também as retinas queimadas pelas luzes fortes.

Já famosa, ela conhece a iniciante Isadora Duncan (Lily-Rose Depp), bailarina talentosíssima e ambiciosa por quem ela nutre uma paixão não correspondida. Isadora a apunhala pelas costas duplamente: no amor e na profissão, ofuscando assim sua figura já consolidada no meio artístico parisiense.

A diretora Stéphanie Giusto começa a narrativa num momento de glória de Loie e segue de forma linear contando sua trajetória desde a vida rústica, seus desenhos/inspirações, dificuldades, desafios técnicos, incompreensão, até sua ascenção e reconhecimento. Loie foi uma grande representante/ícone do movimento Art Noveau, era amiga de grandes artistas como Rodin e Toulouse-Lautrec, tendo até uma performance filmada pelos então pioneiros irmãos Lumiére, fatos esses deixado de fora da trama (uma pena!). Mesmo assim o filme retrata com muita beleza a trajetória dessa mulher poderosa e à frente do seu tempo, um exemplo de ousadia e libertação feminina que merece ser relembrada e exaltada.


Vale Ver ! 

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