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PiTacO do PapO - 'Corações de Pedra' (2017)

NOTA 8.5


Vencedor do prêmio Queer no Festival de Cinema de Veneza, ''Corações de Pedra' é um tocante drama que vem da longínqua Islândia. Eu pelo menos, não me recordo de tantas produções dessa origem, não que tenham me marcado de alguma forma, mas quando a narrativa coloca na mesa questões que revelam rachaduras e revêm comportamentos dentro da própria cultura de um país, as chances dessa mesma trama (que também é de cunho social) me encher de esperança é muito maior. O cinema tem esse papel fundamental e libertador. 


Na história conheceremos Thor e Christian, dois amigos inseparáveis. Quando o verão se inicia, eles perambulam pela pequena aldeia piscatória onde vivem, com distrações e brincadeiras próprias da adolescência. Enquanto um tenta conquistar o coração de uma amiga por quem se apaixonou, o outro desperta para sentimentos homo afetivos inesperados. Mas, com a chegada do Outono, que modifica drasticamente a paisagem em redor, eles passarão por profundas transformações dentro de si, num súbito – porém inevitável – despertar para a fase adulta. 

'Heartstone' (titulo americano da produção), que é o longa de estreia do diretor Guðmundur Arnar Guðmundsson, fala das turbulências da juventude, da descoberta da sexualidade, de crescimento. Mas pude ir além e fazer uma leitura extra sobre o drama: vemos nitidamente que a narrativa, ainda que não descaradamente,  
quer mesmo fazer uma desconstrução da cultura machista. Algo tão arraigado em qualquer etnia, mas que se sobressalta em lugares distantes, onde a tecnologia é escassa, a cultura de certa forma é extinta, e as oportunidades não acontecem. 

Não dá pra traçar uma linha única: a produção com simplicidade e delicadeza atinge à múltiplos universos e discussões, tanto que em certo momento numa declaração, o diretor afirmou: ' 'Corações de Pedra' é uma história que carrega uma mensagem poderosa para toda e qualquer pessoa , mas sobretudo para os adolescentes. Uma história de irmandade, aceitação, garotas fortes e a importância da família.” 

Seja sobre o papel da mulher na sociedade ou ainda pela aceitação da homossexualidade nesse seio machista, o filme é uma bonita história que falará de maneira especial à quem ver com bons olhos todos os dilemas apresentados ali. 



Vale Ver ! 


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