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PiTacO do PapO - ‘Thor: Ragnarok’ | 2017

NOTA 9.7

Um novo filme a ser superado.

Por Vinícius Martins  @cinemarcante

Quero começar esse Pitaco do Papo com uma interjeição de surpresa em forma de palavrão: “Puta que pariu! Mas o que é que foi isso que eu acabei de assistir?” – foi exatamente assim que eu me senti ao sair da sala após conferir ‘Thor: Ragnarok’. A terceira aventura “solo” do deus do trovão é de longe o filme mais surtado da Marvel, e olha que estamos falando da franquia que tem dois filmes de ‘Guardiões da Galáxia’, uma trama de assalto com o Homem-Formiga e um filme psicodélico com o Doutor Stephen Strange, o Doutor Estranho.



Taika Waititi conquistou meu coraçãozinho vagabundo com seu trabalho em ‘O Que Fazemos Nas Sombras’, uma comédia de humor negro brilhante, repleta de sarcasmos e ironias, que mostra como documentário o cotidiano de uma república de vampiros nos dias atuais. Quando eu soube que seria ele quem comandaria o novo Thor, pensei comigo “os caras da Marvel piraram na batatinha”. Acontece que Waititi é um nome pouco conhecido, vindo de filmes cult da Nova Zelândia, que não tem um apelo de mercado muito grande; entretanto, Kevin Feige, diretor executivo da Marvel Studios, percebeu no diretor exótico (que tem um nome tão exótico quanto) uma coisa importantíssima: Taika Waititi é um homem de visão.

Com uma qualidade de humor cínico e uma assinatura excelente para representar na tela as mais diversas situações constrangedoramente atrapalhadas, ficou nítido que ele seria perfeito para dar uma boa dose de insanidade ao que é essencialmente uma loucura – afinal, estamos falando da adaptação de algumas das mais importantes HQs da história de todos os arcos da Marvel –, entregando um estilo que seria um extremo oposto do nobre e arrojado tom britânico de Kenneth Branagh (um excelente ator/diretor, vale ressaltar) e do golpe coerente e mais ágil de Alan Taylor, que são diretores, respectivamente, de ‘Thor’, de 2011, e ‘Thor: O Mundo Sombrio’, de 2013. E o que saiu disso, essa mistura de Rangarok, Planeta Hulk e coisas exóticas vindas da Nova Zelândia, é simplesmente um BERRO.

O humor é o prato principal do filme. Tem piada com Joquempô, com o ânus do demônio, e até com o “efeito Scarlet Johansson”, além de referências diretas ao filme dos Vingadores de 2012. E em meio a tantas piadas ainda sobra espaço para a ação frenética que um filme dessa magnitude pede.



Dessa vez o forninho caiu lá em Asgard (eita, Giovana!), e a Cate Blanchett chegou metendo o loko com o pé na porta, derrubando tudo e dando um novo conceito para o que entendemos como destruição. Suas cenas são de peso e algumas delas são a coisa mais linda já feita pelo estúdio na categoria visual de fotografia e paleta de cores, e o slow-motion enriquece ainda mais esse tesouro cinematográfico. Na cena em que Hela, a deusa da morte (personagem de Blanchett), luta com as Valquírias, cada frame renderia um excelente papel de parede. Tecnicamente falando, tanto em seus efeitos como também em sua trilha sonora – uma obra notável sob a assinatura de Mark Mothersbaugh, em um mix que lembra de imediato videogames dos anos 70 –, o filme é perfeito.
A única ressalva em relação ao ponto técnico vai para o Hulk, que parece não ser o mesmo visto nos dois ‘Vingadores’ anteriores. A aparência borrachuda desta vez ficou menos orgânica – se é que essa palavra pode ser usada nesse caso – e ficou menos parecido com o ator Mark Ruffalo do que nas aparições dos outros filmes. Em outras palavras, ficou bem estranho o Hulk mais pescoçudo. Não esquecendo que é um filme do Thor, tem algumas questões de roteiro que ficam pendentes (como também acontecem nos outros dois antecessores). Como Odin aprisionou Hela? Como a visão/missão de Thor em ‘A Era de Ultron’ se encaixa nesse novo filme? E como raios ninguém naquela cidade lembrava da existência dela? Questões, meus queridos, que ficam a critério do espectador.

Mas o filme tem muitas coisas boas. O protagonismo de Thor não fica ofuscado por seus coadjuvantes (como seu irmão Loki, interpretado por Tom Hiddleston, tal qual ocorreu nos outros dois filmes passados), mesmo apesar de o elenco de coadjuvantes ser nesse filme muito maior e mais rico do que visto anteriormente. O deus do trovão tem seu espaço bem definido e pela primeira vez vê-se uma equipe liderada por ele que carrega mesmo o espírito e a personalidade de uma equipe de verdade. E as participações especiais são um atrativo extra, colocando ainda mais brilho no explosivo e épico filme que é ‘Thor: Ragnarok’. A peça de teatro logo no início, em especial, trás rostos bem conhecidos, principalmente para quem assistiu uma 'certa série de espionagem' e um 'filme jurássico'.

‘Thor: Ragnarok’ é o melhor filme solo do herói até agora. Sua existência é a prova de que diretores podem sim ter liberdade criativa sobre seus projetos e renderem bons resultados. Um brinde à Marvel pela coragem e pela camaradagem com o Taika... Vida longa à Asgard!

Super Vale Ver !


DIREÇÃO
Taika Waititi

EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Christopher Yost, Craig Kyle, Eric Pearson
Produção: Kevin Feige
Fotografia: Javier Aguirresarobe
Trilha Sonora: Mark Mothersbaugh
Estúdio: Marvel Entertainment, Marvel Studios, Walt Disney Pictures
Montador: Joel Negron, Zene Baker
Distribuidora: Buena Vista Pictures, Walt Disney Pictures

ELENCO
Amali Golden, Anthony Hopkins, Ashley Ricardo, Benedict Cumberbatch, Cate Blanchett, Charlotte Nicdao, Chris Hemsworth, Clancy Brown, Georgia Blizzard, Idris Elba, Jaimie Alexander, Jeff Goldblum, Karl Urban, Mark Ruffalo, Rachel House, Ray Stevenson, Shalom Brune-Franklin, Tadanobu Asano, Taika Waititi, Tessa Thompson, Tom Hiddleston, Zachary Levi

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