Dica do Papo - 'Com a Maldade na Alma' | 1964
Por Rogério Machado
Recentemente pudemos ver as grandiosas Susan Sarandon e a Jessica Lange em 'Feud: Bette & Joan'. A série icônica da tevê americana lançada esse ano e realizada pelas mãos do visionário Ryan Murphy, além de impressionar na caracterização das atrizes tamanha semelhança com Bette Davis e Joan Crawford, também revelou as picuinhas entre as atrizes e diversas curiosidades dos bastidores de algumas produções estreladas por elas e outras grandes atrizes como Olivia de Havilland por exemplo, que junto com Davis estrelou o suspense 'Com a Maldade na Alma' ('Hush Hush Sweet Charlotte' de 1964), a nossa dica old but gold de hoje.
A trama se passa na Louisiana de 1927, e Samuel Eugene "Big Sam" Hollis (Victor Bueno), um rico proprietário, tem uma discussão com John Mayhew (Bruce Dern), o amante de sua filha, Charlotte Hollis (Bette Davis). John é casado com Jewel Mayhew (Mary Astor) e Sam diz para ele que continuará com a esposa, pois não terá nem Charlotte nem sua propriedade, que tanto sacrifÃcio fez para reerguer. Sam avisa para John que no baile daquela noite ele terá que romper com Charlotte. John então cumpre a exigência, deixando Charlotte completamente transtornada.
Logo após a discussão, John tem uma das mãos e a cabeça cortada por um cutelo, no mesmo momento em que Charlotte surge no salão com o vestido sujo de sangue. Em parte pela falta de provas concretas, em parte pelo poder de Sam, que morreu em 1928, nada aconteceu com ela. Após 37 anos, Charlotte se tornou uma reclusa, que é vista até pelas crianças como uma assassina louca. Quem cuida dela é Velma Cruther (Agnes Moorehead), uma fiel criada, mas que tem atitudes muito suspeitas.
Porém, além dos fantasmas do passado, Charlotte enfrenta outro problema com a vinda do progresso, pois para fazerem uma auto-estrada querem derrubar sua casa, que pertence à famÃlia desde os tempos da Guerra Civil. Ela se recusa a deixar o lugar, apesar dos pedidos do xerife Luke Standish (Wesley Addy). Charlotte chama então sua prima Miriam Deering (Olivia de Havilland) para junto com ela, reivindicar justiça para salvar seu lar, mas Miriam diz que nada pode fazer e seu ex namorado na juventude e possÃvel futuro amante, Drew Bayliss (Joseph Cotten), hoje um médico, diz o mesmo. Após Charlotte, Miriam é a herdeira da mansão e isto seria motivo para que ela pelo menos tentasse ajudar, mas parece que todos os segredos da mansão não teriam sido revelados.
Essa obra do diretor Robert Aldrich se baseia simplesmente em aparências, assim como seu filme anterior 'O Que Terá Acontecido a Baby Jane?' (1962). Nas duas obras, as coisas não são exatamente o que aparentam ser. Aldrich guia o espectador em um sentido, para num golpe ligeiro, inverter totalmente o sentido a que esse se dirigia, repetindo tal movimento por tantas vezes que deixa o público com uma, por mais estranho que pareça, agradável sensação de estar completamente perdido. Não se sabe o que esperar de nada e ninguém nesse verdadeiro baile de máscaras, onde algumas caem para ser prontamente substituÃdas por outras.
O elenco mais uma vez é impecável, algo já habitual nos trabalhos do diretor. A Charlotte de Bette Davis é praticamente uma versão atenuada da própria Baby Jane, visto que essa é também vingativa, impulsiva e infantil. Joseph Cotten e Olivia de Havilland também se mostram bastante Ãntimos com seus personagens, mas a grande sensação do filme é certamente a de Agnes Mooreheard como a empregada Velma, que com seus trejeitos espalhafatosos e seu carinho pela patroa, conseguiu uma indicação ao Oscar como coadjuvante. Mooreheard definitivamente rouba a cena no papel. Destaco também a ex-musa Mary Astor, que tem aqui seu último papel no cinema como Jewel Mayhew, a inimiga de Charlotte, que tem uma curtÃssima participação em apenas duas cenas.
Curiosidades:
O longa foi inicialmente concebido para ser uma sequência de 'O Que Terá Acontecido a Baby Jane?', sendo que seu tÃtulo original inicialmente seria "Whatever Happened to Cousin Charlotte?". Apesar do clima pesado entre elas, Bette Davis e Joan Crawford concordaram em estrelar o filme. Entretanto Crawford teve que ser hospitalizada logo nos primeiros dias de filmagens, o que fez com que fosse substituÃda no projeto.
Após o afastamento de Joan Crawford,sua personagem foi oferecida a Katharine Hepburn, Loretta Young e Vivien Leigh, que recusaram a proposta. O diretor Robert Aldrich então, teve que viajar até a SuÃça para convencer a atriz Olivia de Havilland a estrelar o filme.
Inicialmente seria Barbara Stanwyck quem interpretaria a personagem Jewel Mayhew, sendo substituÃda por Mary Astor. 'Com a Maldade na Alma' foi o último filme de Astor.
Recentemente pudemos ver as grandiosas Susan Sarandon e a Jessica Lange em 'Feud: Bette & Joan'. A série icônica da tevê americana lançada esse ano e realizada pelas mãos do visionário Ryan Murphy, além de impressionar na caracterização das atrizes tamanha semelhança com Bette Davis e Joan Crawford, também revelou as picuinhas entre as atrizes e diversas curiosidades dos bastidores de algumas produções estreladas por elas e outras grandes atrizes como Olivia de Havilland por exemplo, que junto com Davis estrelou o suspense 'Com a Maldade na Alma' ('Hush Hush Sweet Charlotte' de 1964), a nossa dica old but gold de hoje.
A trama se passa na Louisiana de 1927, e Samuel Eugene "Big Sam" Hollis (Victor Bueno), um rico proprietário, tem uma discussão com John Mayhew (Bruce Dern), o amante de sua filha, Charlotte Hollis (Bette Davis). John é casado com Jewel Mayhew (Mary Astor) e Sam diz para ele que continuará com a esposa, pois não terá nem Charlotte nem sua propriedade, que tanto sacrifÃcio fez para reerguer. Sam avisa para John que no baile daquela noite ele terá que romper com Charlotte. John então cumpre a exigência, deixando Charlotte completamente transtornada.
Logo após a discussão, John tem uma das mãos e a cabeça cortada por um cutelo, no mesmo momento em que Charlotte surge no salão com o vestido sujo de sangue. Em parte pela falta de provas concretas, em parte pelo poder de Sam, que morreu em 1928, nada aconteceu com ela. Após 37 anos, Charlotte se tornou uma reclusa, que é vista até pelas crianças como uma assassina louca. Quem cuida dela é Velma Cruther (Agnes Moorehead), uma fiel criada, mas que tem atitudes muito suspeitas.
Porém, além dos fantasmas do passado, Charlotte enfrenta outro problema com a vinda do progresso, pois para fazerem uma auto-estrada querem derrubar sua casa, que pertence à famÃlia desde os tempos da Guerra Civil. Ela se recusa a deixar o lugar, apesar dos pedidos do xerife Luke Standish (Wesley Addy). Charlotte chama então sua prima Miriam Deering (Olivia de Havilland) para junto com ela, reivindicar justiça para salvar seu lar, mas Miriam diz que nada pode fazer e seu ex namorado na juventude e possÃvel futuro amante, Drew Bayliss (Joseph Cotten), hoje um médico, diz o mesmo. Após Charlotte, Miriam é a herdeira da mansão e isto seria motivo para que ela pelo menos tentasse ajudar, mas parece que todos os segredos da mansão não teriam sido revelados.
Essa obra do diretor Robert Aldrich se baseia simplesmente em aparências, assim como seu filme anterior 'O Que Terá Acontecido a Baby Jane?' (1962). Nas duas obras, as coisas não são exatamente o que aparentam ser. Aldrich guia o espectador em um sentido, para num golpe ligeiro, inverter totalmente o sentido a que esse se dirigia, repetindo tal movimento por tantas vezes que deixa o público com uma, por mais estranho que pareça, agradável sensação de estar completamente perdido. Não se sabe o que esperar de nada e ninguém nesse verdadeiro baile de máscaras, onde algumas caem para ser prontamente substituÃdas por outras.
O elenco mais uma vez é impecável, algo já habitual nos trabalhos do diretor. A Charlotte de Bette Davis é praticamente uma versão atenuada da própria Baby Jane, visto que essa é também vingativa, impulsiva e infantil. Joseph Cotten e Olivia de Havilland também se mostram bastante Ãntimos com seus personagens, mas a grande sensação do filme é certamente a de Agnes Mooreheard como a empregada Velma, que com seus trejeitos espalhafatosos e seu carinho pela patroa, conseguiu uma indicação ao Oscar como coadjuvante. Mooreheard definitivamente rouba a cena no papel. Destaco também a ex-musa Mary Astor, que tem aqui seu último papel no cinema como Jewel Mayhew, a inimiga de Charlotte, que tem uma curtÃssima participação em apenas duas cenas.
Curiosidades:
O longa foi inicialmente concebido para ser uma sequência de 'O Que Terá Acontecido a Baby Jane?', sendo que seu tÃtulo original inicialmente seria "Whatever Happened to Cousin Charlotte?". Apesar do clima pesado entre elas, Bette Davis e Joan Crawford concordaram em estrelar o filme. Entretanto Crawford teve que ser hospitalizada logo nos primeiros dias de filmagens, o que fez com que fosse substituÃda no projeto.
Após o afastamento de Joan Crawford,sua personagem foi oferecida a Katharine Hepburn, Loretta Young e Vivien Leigh, que recusaram a proposta. O diretor Robert Aldrich então, teve que viajar até a SuÃça para convencer a atriz Olivia de Havilland a estrelar o filme.
Inicialmente seria Barbara Stanwyck quem interpretaria a personagem Jewel Mayhew, sendo substituÃda por Mary Astor. 'Com a Maldade na Alma' foi o último filme de Astor.
'Papo de Cinemateca - Muito Cinema pra Todo Mundo'
DIREÇÃO
Robert Aldrich
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Henry Farrell (autor da estória não publicada em que o filme foi baseado e roteiro) e Lukas Heller
Produção: Robert Aldrich, Walter Blake
Fotografia: Joseph F. Biroc
Montagem: Michael Luciano
Música: Frank De Vol
ELENCO
Bette Davis, Olivia de Havilland, Agnes Moorehead, Joseph Cotten, Cecil Kellaway, Victor Buono
Robert Aldrich
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Henry Farrell (autor da estória não publicada em que o filme foi baseado e roteiro) e Lukas Heller
Produção: Robert Aldrich, Walter Blake
Fotografia: Joseph F. Biroc
Montagem: Michael Luciano
Música: Frank De Vol
ELENCO
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