PiTacO do PapO - 'Lucky' | 2017
NOTA 9.0
Por Rogério Machado
'Lucky' estreou há pouco mais de um mês nos cinemas brasileiros trazendo como protagonista o veterano e lenda do cinema, Harry Dean Stanton. Sua estreia trouxe junto um sentimento nostálgico que carrega também mistérios da vida (ou morte) aos quais ninguém consegue respostas: 'Lucky', filme de estreia na direção do ator John Carrol Lynch, foi lançado poucos meses depois da morte de Stanton (em setembro de 2017) e curiosamente tem em seu discurso reflexões sobre o final da vida, sobre a finitude do tempo.
Lucky, um senhor ranzinza e com cara de poucos amigos do alto dos seus 90 anos, vive numa pequena cidade do Texas (EUA). Os seus dias seguem iguais, com a constante repetição das rotinas: faz sua ioga matinal, fuma os seus cigarros, toma o pequeno-almoço no café, faz palavras cruzadas, faz compras na mercearia, assiste seus programas favoritos na tevê e bebe um copo no bar com alguns amigos. Certo dia, cai na cozinha. Este incidente vai desencadear uma reflexão sobre toda a sua existência e a inevitável aproximação do fim...
O conceito do fim é lindamente (como assim, o fim pode ser lindo?) retratado em cada passo que o nosso velho Lucky dá em direção ao café, ou ao bar, ou ainda quando vai comprar cigarros no mercadinho. Após o incidente, o medo passa a ser um companheiro sempre presente na vida de Lucky, que seguia a caminhada sem se dar conta de quão sozinho ele era. Sim, sozinho, mas não solitário, já que ele fazia questão de deixar claro de que não era um homem solitário. Aliás, solidão, é um tema recorrente quando falamos da velhice: quantos não têm medo de morrer sem ter ninguém por perto?
Um detalhe que vale ser citado, é a participação luxuosa do cultuado diretor David Lynch, que na história vive um amigo de Lucky que está à procura de seu jabuti que fugiu de casa - aliás, de uma delicadeza sem tamanho o uso deste réptil para ilustrar o sentimento, já que o filme discute velhice x longevidade - e estudos dão conta de que jabutis e tartarugas vivem cerca de mais de 100 anos.
'Lucky' tem decadência em sua forma, mas tem doçura e positividade na mensagem, e Harry Dean Stanton é sem dúvidas um dos responsáveis por essa caracterÃstica. Stanton, que teve uma extensa carreira que cobriu mais de seis décadas e trouxe quase 200 créditos em filmes e séries, se habituou em viver coadjuvantes solitários. O crÃtico Roger Ebert já escreveu que o ator "habitava os cantos sombrios do noir americano com seu rosto magro e olhos famintos" que criam "uma poesia triste". Essa definição, seja ironia do destino ou não, acabou se materializando em seu último trabalho, que mesmo que não seja reconhecido por muitos como um grande filme, será com certeza lembrado como uma grande homenagem à esse formidável ator.
Super Vale Ver !
Por Rogério Machado
'Lucky' estreou há pouco mais de um mês nos cinemas brasileiros trazendo como protagonista o veterano e lenda do cinema, Harry Dean Stanton. Sua estreia trouxe junto um sentimento nostálgico que carrega também mistérios da vida (ou morte) aos quais ninguém consegue respostas: 'Lucky', filme de estreia na direção do ator John Carrol Lynch, foi lançado poucos meses depois da morte de Stanton (em setembro de 2017) e curiosamente tem em seu discurso reflexões sobre o final da vida, sobre a finitude do tempo.
Lucky, um senhor ranzinza e com cara de poucos amigos do alto dos seus 90 anos, vive numa pequena cidade do Texas (EUA). Os seus dias seguem iguais, com a constante repetição das rotinas: faz sua ioga matinal, fuma os seus cigarros, toma o pequeno-almoço no café, faz palavras cruzadas, faz compras na mercearia, assiste seus programas favoritos na tevê e bebe um copo no bar com alguns amigos. Certo dia, cai na cozinha. Este incidente vai desencadear uma reflexão sobre toda a sua existência e a inevitável aproximação do fim...
O conceito do fim é lindamente (como assim, o fim pode ser lindo?) retratado em cada passo que o nosso velho Lucky dá em direção ao café, ou ao bar, ou ainda quando vai comprar cigarros no mercadinho. Após o incidente, o medo passa a ser um companheiro sempre presente na vida de Lucky, que seguia a caminhada sem se dar conta de quão sozinho ele era. Sim, sozinho, mas não solitário, já que ele fazia questão de deixar claro de que não era um homem solitário. Aliás, solidão, é um tema recorrente quando falamos da velhice: quantos não têm medo de morrer sem ter ninguém por perto?
Um detalhe que vale ser citado, é a participação luxuosa do cultuado diretor David Lynch, que na história vive um amigo de Lucky que está à procura de seu jabuti que fugiu de casa - aliás, de uma delicadeza sem tamanho o uso deste réptil para ilustrar o sentimento, já que o filme discute velhice x longevidade - e estudos dão conta de que jabutis e tartarugas vivem cerca de mais de 100 anos.
'Lucky' tem decadência em sua forma, mas tem doçura e positividade na mensagem, e Harry Dean Stanton é sem dúvidas um dos responsáveis por essa caracterÃstica. Stanton, que teve uma extensa carreira que cobriu mais de seis décadas e trouxe quase 200 créditos em filmes e séries, se habituou em viver coadjuvantes solitários. O crÃtico Roger Ebert já escreveu que o ator "habitava os cantos sombrios do noir americano com seu rosto magro e olhos famintos" que criam "uma poesia triste". Essa definição, seja ironia do destino ou não, acabou se materializando em seu último trabalho, que mesmo que não seja reconhecido por muitos como um grande filme, será com certeza lembrado como uma grande homenagem à esse formidável ator.
Super Vale Ver !
DIREÇÃO
- John Carroll Lynch
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Drago Sumonja, Logan Sparks
Produção: Adam Hendricks, Danielle Renfrew Behrens, Drago Sumonja, Greg Gilreath, Ira Steven Behr, John H. Lang, Richard Kahan
Fotografia: Tim Suhrstedt
Trilha Sonora: Elvis Kuehn
Estúdio: Superlative Films
Montador: Robert Gajic
Distribuidora: Imovision
ELENCO
Amy Claire, Ana Mercedes, Barry Shabaka Henley, Bertila Damas, Beth Grant, Dan Gruenberg, David Lynch, Ed Begley Jr., Harry Dean Stanton, Hugo Armstrong, James Darren, Mikey Kampmann, Otti Feder, Ron Livingston, Sarah Cook, Tom Skerritt, Ulysses Olmedo, Yvonne Huff
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