PiTacO do PapO -'Todo o Dinheiro do Mundo' | 2018
NOTA 8.0
Por Rogério Machado
Quanto vale uma vida? Aqui, essa pergunta será inevitável, e logo nos primeiros minutos de 'Todo o Dinheiro do Mundo' seremos confrontados com um diálogo aparentemente inocente entre um avô bilionário e o neto que ele acabara de conhecer, mas que na verdade vai nortear toda a trama: Esse neto, ainda um garoto, adentra pela primeira vez na casa desse avô acompanhado de sua mãe, e quando o menino ameaça a tocar numa das muitas obras preciosÃssimas do acervo do avô, sua mãe logo o adverte: - Não toque nisso meu filho, essa peça deve ter um valor incalculável! Em seguida, o avô interrompe dizendo que não existe nada de valor incalculável, na verdade o que existe são coisas de valores inestimáveis. Isso parece doce olhando por cima, mas com o avançar da sessão, veremos que de doce, o homem por trás dessa fortuna, não tem nada.
A história central se passa em 1973 em Roma, na Itália. Onde seremos apresentados à John Paul Getty III (Charlie Plummer), que é o neto favorito do magnata do petróleo J. Paul Getty (Christopher Plummer), um dos primeiros bilionários da história da humanidade. O sequestro do rapaz coloca a sua mãe, Gail Harris (Michelle Williams), em uma corrida desesperada para convencer o ex-sogro a pagar o resgate milionário do filho. Frio, manipulador e mesquinho, Getty irá encarregar o ex-espião Fletcher Chase (Mark Wahlberg), seu homem de confiança, de descobrir quem é que está por trás do crime, solucionando o problema, de preferência, sem o desperdÃcio de nenhum centavo de sua fortuna.
Não sei quantos se lembram, mas vou refrescar a memória: esse filme é aquele que teve seu lançamento adiado por conta das denúncias de assédio contra o ator Kevin Sapcey. Em seu lugar, entrou Plummer, que por ironia do destino acabou sendo indicado ao Oscar que acontece agora em março. O legado do filme contou também com uma doação milionária de Mark Wahlberg para o fundo Time's Up, que ampara mulheres que sofreram abuso na indústria do cinema. Cercado de tantas polêmicas, o filme chega com a pompa de ter um super elenco dirigido por ninguém menos que Ridley Scott ('Blade Runner' - 1982, 'Thelma & Louise'-1991, e tantos outros grandes filmes). Mas é justamente aà que reside o calcanhar de aquiles do longa - Scott se perde ao estender muito o drama e deixar a ação de lado, algo que se faz necessário numa trama de sequestro e que ainda por cima tem pouco mais de duas horas de duração.
Entretanto, é possÃvel se envolver com a trama pela perplexidade que o personagem de Plummer nos causa. Suas frases são todas inacreditáveis de tão duras e desprovidas de qualquer sentimento ou moral - só pra citar um exemplo: logo quando ele fica sabendo do sequestro e o perguntam se ele pagará a quantia, ele diz sem cerimônia alguma que não ganhou dinheiro para ter que pagar resgates de sequestro, e que com tantos netos, ele iria viver pra pagá-los.
Plummer, nessa história baseada em fato verÃdico, dá vida com um brilhantismo Ãmpar à esse homem que foi um figurão do petróleo nos anos 70 e que é conhecido como o primeiro do mundo a ser chamado de bilionário. O longa de Scott peca sim pelo ritmo, mas acaba trazendo algumas boas reflexões sobre poder, dinheiro, ganância, e como dar o devido valor à isso tudo sem que nos suba à cabeça, a ponto de deixarmos para segundo plano outros importantes tesouros que a vida nos dá todos os dias.
Vale Ver !
Por Rogério Machado
Quanto vale uma vida? Aqui, essa pergunta será inevitável, e logo nos primeiros minutos de 'Todo o Dinheiro do Mundo' seremos confrontados com um diálogo aparentemente inocente entre um avô bilionário e o neto que ele acabara de conhecer, mas que na verdade vai nortear toda a trama: Esse neto, ainda um garoto, adentra pela primeira vez na casa desse avô acompanhado de sua mãe, e quando o menino ameaça a tocar numa das muitas obras preciosÃssimas do acervo do avô, sua mãe logo o adverte: - Não toque nisso meu filho, essa peça deve ter um valor incalculável! Em seguida, o avô interrompe dizendo que não existe nada de valor incalculável, na verdade o que existe são coisas de valores inestimáveis. Isso parece doce olhando por cima, mas com o avançar da sessão, veremos que de doce, o homem por trás dessa fortuna, não tem nada.
A história central se passa em 1973 em Roma, na Itália. Onde seremos apresentados à John Paul Getty III (Charlie Plummer), que é o neto favorito do magnata do petróleo J. Paul Getty (Christopher Plummer), um dos primeiros bilionários da história da humanidade. O sequestro do rapaz coloca a sua mãe, Gail Harris (Michelle Williams), em uma corrida desesperada para convencer o ex-sogro a pagar o resgate milionário do filho. Frio, manipulador e mesquinho, Getty irá encarregar o ex-espião Fletcher Chase (Mark Wahlberg), seu homem de confiança, de descobrir quem é que está por trás do crime, solucionando o problema, de preferência, sem o desperdÃcio de nenhum centavo de sua fortuna.
Não sei quantos se lembram, mas vou refrescar a memória: esse filme é aquele que teve seu lançamento adiado por conta das denúncias de assédio contra o ator Kevin Sapcey. Em seu lugar, entrou Plummer, que por ironia do destino acabou sendo indicado ao Oscar que acontece agora em março. O legado do filme contou também com uma doação milionária de Mark Wahlberg para o fundo Time's Up, que ampara mulheres que sofreram abuso na indústria do cinema. Cercado de tantas polêmicas, o filme chega com a pompa de ter um super elenco dirigido por ninguém menos que Ridley Scott ('Blade Runner' - 1982, 'Thelma & Louise'-1991, e tantos outros grandes filmes). Mas é justamente aà que reside o calcanhar de aquiles do longa - Scott se perde ao estender muito o drama e deixar a ação de lado, algo que se faz necessário numa trama de sequestro e que ainda por cima tem pouco mais de duas horas de duração.
Entretanto, é possÃvel se envolver com a trama pela perplexidade que o personagem de Plummer nos causa. Suas frases são todas inacreditáveis de tão duras e desprovidas de qualquer sentimento ou moral - só pra citar um exemplo: logo quando ele fica sabendo do sequestro e o perguntam se ele pagará a quantia, ele diz sem cerimônia alguma que não ganhou dinheiro para ter que pagar resgates de sequestro, e que com tantos netos, ele iria viver pra pagá-los.
Plummer, nessa história baseada em fato verÃdico, dá vida com um brilhantismo Ãmpar à esse homem que foi um figurão do petróleo nos anos 70 e que é conhecido como o primeiro do mundo a ser chamado de bilionário. O longa de Scott peca sim pelo ritmo, mas acaba trazendo algumas boas reflexões sobre poder, dinheiro, ganância, e como dar o devido valor à isso tudo sem que nos suba à cabeça, a ponto de deixarmos para segundo plano outros importantes tesouros que a vida nos dá todos os dias.
Vale Ver !
DIREÇÃO
- Ridley Scott
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: David Scarpa
Produção: Bradley Thomas, Chris Clark, Dan Friedkin, Kevin J. Walsh, Mark Huffam, Quentin Curtis, Ridley Scott
Fotografia: Dariusz Wolski
Trilha Sonora: Daniel Pemberton
Estúdio: Imperative Entertainment, Panorama Films, RedRum Films, Scott Free Productions
Montador: Claire Simpson
Distribuidora: Diamond Films
ELENCO
Adele Tirante, Alessandra Roca, Andrea Piedimonte Bodini, Andrew Buchanan, Anna Devlin, Charlie Plummer, Charlie Shotwell, Cherise Silvestri, Christopher Plummer, Clive Wood, Daniel Gosling, David Brooks, Francesca Inaudi, Francesco Bomenuto, Ginevra Migliore, Giuseppe Bonifati, Guglielmo Favilla, Josie Sayers, Kit Cranston, Marco Leonardi, Mark Wahlberg, Maya Kelly, Michelle Williams, Nicola Di Chio, Nicolas Vaporidis, Paola Scotto di Tella, Romain Duris, Roy McCrerey, Stacy Martin, Stanley Treshansky, Timothy Hutton
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