PiTacO do PapO - 'Dona Flor e seus Dois Maridos' | 2017
NOTA 8.0
Por Rogério Machado
Jorge Amado, a autor baiano mais festejado de todos os tempos, é dono de uma obra que vez por outra é revisitada. Seja no cinema, teatro ou na televisão, seus trabalhos estão sempre perambulando por quem trabalha com arte - e é bem provável que 'Dona Flor e seus Dois Maridos' (datado de 1966) não só seja a obra mais conhecida do autor, como também a que mais vezes ganhou novas roupagens. Neste novo filme, a história permanece a mesma, mas o contar é outro. Talvez a experiência de Pedro Vasconcelos com a televisão, seja um dos motivos, já que ele está sempre à frente de grandes trabalhos na platinada carioca, como na recente novela “A Força do Querer” e do fenômeno “Império”. Ou quem sabe até pela jovialidade do cineasta, o resultado desses novos ares do clássico sejam um reflexo.
A dona Dona Flor da vez é vivida por Juliana Paz, uma sedutora professora de culinária casada com Vadinho (Marcelo Faria), que só quer saber de farras e jogatina nas boates. A vida de abusos acaba por acarretar sua morte precoce. Logo Dona Flor se casa de novo, com o recatado e pacÃfico farmacêutico Dr. Teodoro (Leandro Hassum). As saudades do antigo marido que, apesar dos defeitos era um ótimo amante, fazem com que ele retorne em espÃrito que só a viúva consegue ver. Isso a deixa em dúvida sobre o que fazer com os dois maridos que passam a dividir o seu leito.
Com esse clássico romance, Jorge Amado inteligentemente apresenta em forma de crônica, uma análise de comportamento - e como não poderia deixar de ser, ambientada em Salvador, em meio à s ladeiras do pelourinho e praias ensolaradas. Fica nÃtido que a obra deseja discutir sobre o amor platônico, aquele que gera admiração e amparo, e o amor carnal, aquele que deixa a alma inquieta e os hormônios à flor da pele. Vadinho representa a vadiagem, o vigarista que se apoia no grotesco e na sensualidade para ganhar o coração das mulheres. Já Teodoro é o famoso bom moço, de boa Ãndole e com segurança financeira, aquele genro que toda sogra quer.
Se valendo do lúdico (assim vejo eu), representando Vadinho como um espÃrito desencarnado, a história de Jorge Amado faz um apelo ao equilÃbrio e deixa a pergunta: será mesmo possÃvel conseguir o feito de viver a plenitude do sexo e do amor numa só relação? Com humor apurado, uma trilha sonora repleta de clássicos, fotografia limpa e cheia de luz assim como um dia de sol na Bahia, o filme de Pedro Vasconcelos consegue o feito de ser novo e ao mesmo tempo conservar as qualidades de um grande clássico da nossa literatura.
Vale Ver !
Por Rogério Machado
Jorge Amado, a autor baiano mais festejado de todos os tempos, é dono de uma obra que vez por outra é revisitada. Seja no cinema, teatro ou na televisão, seus trabalhos estão sempre perambulando por quem trabalha com arte - e é bem provável que 'Dona Flor e seus Dois Maridos' (datado de 1966) não só seja a obra mais conhecida do autor, como também a que mais vezes ganhou novas roupagens. Neste novo filme, a história permanece a mesma, mas o contar é outro. Talvez a experiência de Pedro Vasconcelos com a televisão, seja um dos motivos, já que ele está sempre à frente de grandes trabalhos na platinada carioca, como na recente novela “A Força do Querer” e do fenômeno “Império”. Ou quem sabe até pela jovialidade do cineasta, o resultado desses novos ares do clássico sejam um reflexo.
A dona Dona Flor da vez é vivida por Juliana Paz, uma sedutora professora de culinária casada com Vadinho (Marcelo Faria), que só quer saber de farras e jogatina nas boates. A vida de abusos acaba por acarretar sua morte precoce. Logo Dona Flor se casa de novo, com o recatado e pacÃfico farmacêutico Dr. Teodoro (Leandro Hassum). As saudades do antigo marido que, apesar dos defeitos era um ótimo amante, fazem com que ele retorne em espÃrito que só a viúva consegue ver. Isso a deixa em dúvida sobre o que fazer com os dois maridos que passam a dividir o seu leito.
Com esse clássico romance, Jorge Amado inteligentemente apresenta em forma de crônica, uma análise de comportamento - e como não poderia deixar de ser, ambientada em Salvador, em meio à s ladeiras do pelourinho e praias ensolaradas. Fica nÃtido que a obra deseja discutir sobre o amor platônico, aquele que gera admiração e amparo, e o amor carnal, aquele que deixa a alma inquieta e os hormônios à flor da pele. Vadinho representa a vadiagem, o vigarista que se apoia no grotesco e na sensualidade para ganhar o coração das mulheres. Já Teodoro é o famoso bom moço, de boa Ãndole e com segurança financeira, aquele genro que toda sogra quer.
Se valendo do lúdico (assim vejo eu), representando Vadinho como um espÃrito desencarnado, a história de Jorge Amado faz um apelo ao equilÃbrio e deixa a pergunta: será mesmo possÃvel conseguir o feito de viver a plenitude do sexo e do amor numa só relação? Com humor apurado, uma trilha sonora repleta de clássicos, fotografia limpa e cheia de luz assim como um dia de sol na Bahia, o filme de Pedro Vasconcelos consegue o feito de ser novo e ao mesmo tempo conservar as qualidades de um grande clássico da nossa literatura.
Vale Ver !
DIREÇÃO
Pedro Vasconcelos
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Pedro Vasconcelos
Produção: Marcelo Faria, Marcelo Ludwig
Estúdio: Reginaldo Farias Produções ArtÃsticas
Distribuidora: Downtown Filmes
ELENCO
Cassiano Carneiro, Dandara Mariana, Duda Ribeiro, Fábio Lago, Haroldo Costa, Juliana Paes, Leandro Hassum, Marcelo Faria, NÃvea Maria, Prazeres Barbosa, Rita Assemany
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