PiTacO do PapO - 'Esplendor' | 2018
NOTA 8.5
Por Rogério Machado
Antes de assistir o novo filme da veterana diretora japonesa Naomi Kawase (O Segredo das Águas -2015) , é preciso que você deixe sua sensibilidade no volume máximo. Muito mais do que palavras ou sequências óbvias, 'Esplendor', longa da conceituadíssima cineasta que estreou nos cinemas brasileiros este mês, se encaixa mesmo em uma experiência sensorial....
....sensível e sensorial, nada mais harmônico.
As sensações são importantes em ‘Esplendor’. Afinal, se trata de uma história de amor entre um fotógrafo, Masaya (Masatoshi Nagase) que está ficando cego, e Misako (Ayame Misaki) uma mulher que trabalha com audiodescrição de filmes. Os dois se conhecem durante a exibição de um dos filmes onde ela atua com essas audiodescrições. Masaya, em todas as reuniões se mostra arredio e sempre indiferente, principalmente ao modo de trabalho de Misako, sempre discordando de suas interpretações durante as cenas. Logo após Misako descobrir as fotografias de Masaya, ela estranhamente se conectará mais e mais com ele,e juntos, eles aprenderão a ver o mundo radiante que até então era invisível aos olhos de ambos.
Não espere uma história nos moldes enlatados. É preciso paciência e muita atenção para perceber a conexão que aos poucos vai surgindo entre os personagens. Nada que apele para a estética hollywoodiana ou silhuetas atraentes aos mais afoitos - Misako é uma jovem bonita, mas que esconde a frustração de não poder tomar conta de sua mãe, que vive em um povoado longe da cidade; já Masaya, é um homem mais velho, que perdeu a última coisa que fazia seus dias terem sentido: a habilidade de conseguir cliques perfeitos, uma vez que para isso, uma visão saudável seria imprescindível. Cada um está perdendo o foco em diversos sentidos, seja no literal ou no figurado - a missão é tentar reverter isso irradiando amor. Amor é remédio.
Ver além do que os olhos podem ver, confiar na voz que guia quando a escuridão se faz presente. Essa é a mensagem mais latente do longa. O “brilho intenso” que aparece junto à palavra “esplendor” no dicionário, pode ser visto a cada vez que o filme se refugia na natureza e nas belas paisagens coloridas de um Japão que na obra de Kawase surge ainda mais poético. E, no fim das contas, ’Esplendor’ é isso: poesia singela em uma história de amor à imagem, ao olhar, às memórias. E porquê não, ao cinema.
Vale Ver !
Por Rogério Machado
Antes de assistir o novo filme da veterana diretora japonesa Naomi Kawase (O Segredo das Águas -2015) , é preciso que você deixe sua sensibilidade no volume máximo. Muito mais do que palavras ou sequências óbvias, 'Esplendor', longa da conceituadíssima cineasta que estreou nos cinemas brasileiros este mês, se encaixa mesmo em uma experiência sensorial....
....sensível e sensorial, nada mais harmônico.
As sensações são importantes em ‘Esplendor’. Afinal, se trata de uma história de amor entre um fotógrafo, Masaya (Masatoshi Nagase) que está ficando cego, e Misako (Ayame Misaki) uma mulher que trabalha com audiodescrição de filmes. Os dois se conhecem durante a exibição de um dos filmes onde ela atua com essas audiodescrições. Masaya, em todas as reuniões se mostra arredio e sempre indiferente, principalmente ao modo de trabalho de Misako, sempre discordando de suas interpretações durante as cenas. Logo após Misako descobrir as fotografias de Masaya, ela estranhamente se conectará mais e mais com ele,e juntos, eles aprenderão a ver o mundo radiante que até então era invisível aos olhos de ambos.
Não espere uma história nos moldes enlatados. É preciso paciência e muita atenção para perceber a conexão que aos poucos vai surgindo entre os personagens. Nada que apele para a estética hollywoodiana ou silhuetas atraentes aos mais afoitos - Misako é uma jovem bonita, mas que esconde a frustração de não poder tomar conta de sua mãe, que vive em um povoado longe da cidade; já Masaya, é um homem mais velho, que perdeu a última coisa que fazia seus dias terem sentido: a habilidade de conseguir cliques perfeitos, uma vez que para isso, uma visão saudável seria imprescindível. Cada um está perdendo o foco em diversos sentidos, seja no literal ou no figurado - a missão é tentar reverter isso irradiando amor. Amor é remédio.
Ver além do que os olhos podem ver, confiar na voz que guia quando a escuridão se faz presente. Essa é a mensagem mais latente do longa. O “brilho intenso” que aparece junto à palavra “esplendor” no dicionário, pode ser visto a cada vez que o filme se refugia na natureza e nas belas paisagens coloridas de um Japão que na obra de Kawase surge ainda mais poético. E, no fim das contas, ’Esplendor’ é isso: poesia singela em uma história de amor à imagem, ao olhar, às memórias. E porquê não, ao cinema.
Vale Ver !
DIREÇÃO
- Naomi Kawase
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Naomi Kawase
Produção: Masa Sawada, Naoya Kinoshita, Yumiko Takebe
Trilha Sonora: Ibrahim Maalouf
Estúdio: Comme des Cinémas, Kino Films, Kumie, MK2 Productions
Montador: Tina Baz
Distribuidora: Imovision
ELENCO
Ayame Misaki, Chihiro Ohtsuka, Kazuko Shirakawa, Mantarô Koichi, Masatoshi Nagase, Misuzu Kanno, Nobumitsu Ônishi, Noémie Nakai, Saori, Tatsuya Fuji
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