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PiTacO do PapO - 'Final Portrait' | 2018

NOTA 7.5

Por Rogério Machado


'Final Portrait' , ainda sem título nacional ou data para estrear por aqui,  acompanha um episódio na louca vida de Alberto Giacometti: artista plástico, escultor e pintor suíço nascido em Borgonovo, bem perto da fronteira com a Itália, o mais famoso nome dentre os escultores surrealistas, criador de uma obra plástica que percorreu a escultura, a pintura e a cenografia, sempre mais próximo dos cubistas e dos pós-cubistas (movimento artístico que teve como precursores Picasso e Cezánne). Na direção, o ótimo Stanley Tucci, que chega ao seu quinto filme, muito embora tenha destaque mesmo através da carreira de ator.



Na trama que se passa na Paris de 1964,  seremos apresentados ao artista (vivido por Geoffrey Rush). Excêntrico , é ele quem decide quando é a hora do trabalho, da bebida, da dúvida, da destruição, do flerte ou do riso em seu estúdio. Um artista renomado, cujas obras alcançam preços recordes, que esconde, sem nenhum segredo ou cerimônia, todos os ganhos em seu próprio estúdio, sendo esse e outros inúmeros motivos de discussão com sua esposa Annette (Sylvie Testud). Outro problema é o fato de que sua amante, Caroline (Clémence Poésy), uma prostituta, recebe toda a sua atenção e dinheiro bem debaixo do nariz de Annette.  Um dia, Giacometti pede ao crítico de arte americano e biógrafo James Lord (Armie Hammer) para posar para ele, mas suas sessões, programadas para levar uma semana, são freqüentemente interrompidas por ausências criativas, visitas a bistrôs e longos passeios de carro, sem fim à vista, fazendo com que  Lord adiasse seu voo de volta várias vezes.

Giacometti era um gênio como profissional, mas arrogante e rude enquanto pessoa. Parecia também ser um tanto bipolar, geralmente ríspido com todos ao redor (exceto a amante) e com rompantes de afeto,  sobretudo com a mulher. Não tinha nenhum tipo de vaidade ou ambição , guardava em seu próprio  estúdio os milhões que chegavam das galerias, e nem se lembrava onde os escondera. Mesmo já sendo considerado um ícone, transparecia a falta de confiança em seu trabalho, o que fazia com que refizesse o mesmo trabalho várias vezes. A 'vítima' retratada nos 90 min de filme é o jovem jornalista Lord, que criou uma espécie de conexão com o artista, e entendia suas inseguranças,  muito embora considerasse não fazer sentido posar tanto tempo para um retrato, sem saber se haveria um fim. 

Ainda que tenha as brilhantes presenças de Hush (este incrivelmente parecido fisicamente com o artista, inclusive) e o sempre adorável Hammer, (que ganhou o mundo em 'Me Chame pelo seu Nome' - 2017), o longa não consegue driblar a barreira da falta de empatia. Talvez por investir mais no lado intragável do artista e não na sua arte, a narrativa perde o brilho e se conclui, digamos, de maneira morna. Não chega a ser um grande filme, mas o show do grande Geoffrey é sempre um deleite pra qualquer espectador. 


Vale Ver !

DIREÇÃO

  • Stanley Tucci

  •  
       

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: James Lord,  Stanley Tucci
Produção: Nik Bower, Gail Egan, Ilann Girard
Música: Evan Lurie
Fotografia: Danny Cohen
Montador: Camilla Toniolo 

ELENCO

Armie Hammer,Clémence Poésy, Geoffrey Rush,Tony Shalhoub,James Faulkner,Sylvie Testud,Kerry Shale,Philippe Spall, Attila G. Kerekes,Martyn Mayger,Laura Bernardeschi,Dolly Jagdeo,Monica Lovari, Begona F. Martin, Takatsuna Mukat, Laetitia Cazaux, Gaspard Caens, Maria Teresa Capasso

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