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PiTacO do PapO - 'Eu Sou Heath Ledger' | 2017

NOTA 7.5

Por Karina Massud @cinemassud


Pessoas que partem desse plano precocemente parecem ter vivido suas vidas ao máximo e mais intensamente que as demais, cada dia como se não houvesse amanhã. Pessoas que tem o senso da própria mortalidade muito aguçado e parecem pressentir que sua passagem na terra será breve. Conheci duas pessoas assim na vida, um primo e um amigo amados. Vendo o documentário “I Am Heath Ledger” me deparo com mais uma: o ator Heath Ledger, que morreu aos 28 anos no que talvez fosse o auge da sua fugaz e promissora carreira.

O documentário celebra a vida e o talento extraordinário do ator australiano com detalhes de sua vida pessoal e de sua trajetória contados por amigos e familiares. Amigos de infância que ele carregava sempre pra cima e pra baixo em uma “entourage” e amigos do meio artístico como o cantor e músico Ben Harper e os atores Naomi Watts e  Djimon Hounsou. Eles trazem à tona memórias que traçam o perfil inquieto (com uma pitada de rebeldia), talentoso e empreendedor de Heath.

O próprio ator gravava muitas cenas do quotidiano e de seus exercícios meio malucos de atuação, laboratórios que ele fazia pra si próprio e que ilustram boa parte da narrativa do documentário.


Um retrato por trás das câmeras do ator que foi autodidata e alçou a fama com a comédia romântica “ 10 Coisas que eu Odeio em Você” (1999) e depois  com a aventura “Coração de Cavaleiro” (2001). Sua devoção ao trabalho talvez tenha sido obsessiva, era um homem hiperativo que começou a dirigir vídeo clips, montou uma produtora e atuava, e por isso mesmo não conseguia dormir, o que o levou ao vício de soníferos. Ele foi evoluindo a passos largos em suas atuações até atingir o brilhantismo no papel que lhe rendeu um Globo de Ouro e um Oscar póstumos de Melhor Ator Coadjuvante: o do vilão Coringa no filme “Batman: O Cavaleiro das Trevas“ (2009). Performance essa que é comentada pelo diretor do longa Christopher Nolan ; por um amigo de infância que levou um choque ao ouvir algumas falas do filme ; e por um maquiador que conta como a maquiagem caída ajudou no processo de criação do personagem. Os trechos mais interessantes do documentário são os depoimentos dos  diretores (Chris Nolan e Ang Lee) que trabalharam com ele, e do seu agente (Steve Alexander), que contam histórias e curiosidades de bastidores. A emoção do dia de sua morte já é mais contida depois dos 10 anos que já se passaram, mas não menos sincera por parte dos que o amaram.

Por algum motivo a atriz Michelle Williams, viúva e mãe de Matilda, única filha de Heath, não aparece no documentário, o que deixou uma lacuna importante pois eles se conheceram e começaram o romance nas gravações do grande sucesso “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), longa onde o ator fez lindamente um cowboy gay e que já entrou para a história do cinema.

Heath deixou uma obra inacabada: o papel no filme “O Mundo Imaginário do Dr Parnassus” e um filme que ele não chegou a começar e que seria seu primeiro trabalho como diretor. Sua morte em 2009 por overdose acidental, nos deixa um gostinho amargo e a sensação de que o melhor ainda estava por vir em sua efêmera carreira.  


Vale Ver !



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