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PiTacO do PapO - 'Primavera em Casablanca' | 2018

NOTA 9.0



Por Rogério Machado 



'Feliz é o homem que faz tudo conforme sua própria vontade...'   O provérbio bérbere que abre 'Primavera em Casablanca', filme em cartaz que foi um dos principais destaques no Festival Varilux de Cinema esse ano,  diz muito sobre essa impactante história. Porém, acima de qualquer discurso sobre liberdade, o filme do diretor nascido em Paris e radicado em Marrocos, Nabil Ayouch, (Much Loved - 2016) também firma a mensagem sobre independência atrelada à responsabilidade. Pra início de conversa, já deixo claro que o filme é uma das melhores coisas que vi no cinema mundial nesse primeiro semestre.





O longa acompanha cinco histórias distintas, sendo uma ambientada na década de 1980, nas montanhas do Atlas, e as outras nos dias atuais, em Casablanca, cidade do Marrocos. No entanto, a distância temporal dessas narrativas não impede que a intolerância, a ignorância e a dificuldade em aceitar as diferenças sejam as mesmas em todas elas.

Salima (Maryam Touzani) não aceita ser menor do que  os homens do seu país somente por ser mulher,  Joe (Arieh Worthalter) , é um judeu que prefere cuidar do pai e flertar com mulheres aqui e ali , Abdallah (Amine Ennaji) , é um professor apaixonado pelo que faz e já não aceita a maneira como o governo impõe um método de trabalho no qual seus alunos não se enquadram, Hakim (Abdelilah Rachid) é um músico fã ardoroso do Queen que só quer viver de música mas não tem o apoio da família, e Inês (Dounia Binebine), uma adolescente que vive sob os cuidados da avó já que sua mãe não lhe dá a menor atenção. Todas essas pessoas têm em comum o ímpeto de não permanecerem na inércia e o hábito de não ceder às imposições da sociedade preconceituosa em que vivem. 

Enquanto lutam suas batalhas individuais, motins acontecem em Casablanca por conta de problemas que crescem a cada dia no país, como a falta de emprego por exemplo. O diretor quis ir ainda mais fundo, explorando a alma silenciosa da maioria, cujas vozes ainda não falam alto o suficiente para reivindicar seus direitos. "Grandes revoluções começam com modestas e pequenas revoluções individuais". O que aconteceu na Primavera Árabe de 2011 é, na realidade, uma soma de vários fatores: uma série de frustrações, humilhações, um desrespeito total dos direitos civis básicos e a retirada dos mesmos. 

As referências ao Clássico 'Casablanca' (1942) não estão somente no nome da cidade ou no título, a canção 'As Time Goes By' de Dooley Wilson, assim como o amor pela produção se fazem apresentes através do personagem de Ilyas (Abdellah Didane) que escolheu sonhar com a magia do cinema ao invés de tomar partido ou se envolver com tudo que acontecia à sua volta. Ilyas representa o sonho em meio à guerrilha, o oásis em meio ao deserto de todos aqueles dilemas , sejam eles externados ou não. 



Super Vale Ver !



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