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PiTacO do PapO - 'A Freira' | 2018

NOTA 7.5

Use a escopeta

Por Vinícius Martins @cinemarcante


Quando a série de filmes do universo de ‘Invocação do Mal’ começou, em 2013, era difícil de imaginar que aquele terror alternativo se tornaria um fenômeno e redefiniria o gênero. Dentro do mercado até então saturado com filmes que evocam o vitimismo perante as tais entidades diabólicas, valeu notar o nome de James Wan que, com uma precisão cirúrgica, tornou um filme de sustos em algo muito maior.


Em 'A Freira’, onde Wan retorna como roteirista, há o suspense de sempre; som alto nos momentos de aparição surpresa, pessoas cometendo burrices e uma injeção de barítonos em tons graves e urgentes reverberando nas caixas de som. O ponto que é melhor explorado, no entanto, é guardado para o final: a conexão genial com o restante da franquia, assim como fez o segundo 'Annabelle’ em 2017. A costura dos filmes entre si já é, para toda a indústria do cinema, um exemplo a ser seguido. Porém, o terror contemplativo que se esperava em pouco se faz presente.

Um dos traços mais marcantes dos filmes da franquia 'Invocação do Mal’ é o incômodo de olhar para o escuro e saber que o escuro está olhando de volta para você; é aquele horror em mirar nos olhos do demônio e ser encarado de volta, onde não é possível prever o que acontecerá a seguir. Esse terror psicológico, onde o mal contempla e até é, de certo modo, contemplado, foi o que faltou neste novo derivado. O ritmo acelerado e intenso do longa, com uma trama que faz uso de recursos previsíveis, não deu muito espaço para os momentos de claustrofobia e solidão diante do maligno, como visto nos demais títulos da saga de exorcismos e objetos do mal.

Em um espectro abrangente, a dualidade da intenção tanto do estúdio quanto dos criadores que imaginaram essa franquia (que procura criar ramificações que sejam, ao mesmo tempo, prelúdios) deixa nítido o cuidado que estão tendo com a nova mina de ouro que encontraram: filmes relativamente baratos, com um gritante retorno financeiro, e que agradam o público. Hoje, o pecado deste último filme talvez seja o anúncio em que promete ser o capítulo mais tenebroso da franquia, gerando uma expectativa enorme e entregando, no fim das contas, um filme menos assustador do que o segundo 'Annabelle', lançado um ano antes. A tal freira intimida, claro, mas a áurea de sua presença passa longe de permanecer com o espectador após os créditos como fez 'Invocação do Mal 2’. O que resta é uma sessão pipoca de qualidade, mas que não tem mais do que alguns sustos calculados para acrescentar. E se carregar uma enorme Cruz de túmulo não bastar para afugentar o diabo, use a escopeta que já é garantido que resolve.


Vale Ver !



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