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PiTacO do PapO - 'Marvin' | 2018

NOTA 8.0

Por Rogério Machado 


Chega em circuito comercial essa semana mais um dos destaques do Festival Varilux de Cinema Francês, 'Marvin', que apresenta um drama cuja temática  tem sido 'lugar comum' na dramaturgia: o preconceito e o bullying dentro do universo LGBT. E por falar em drama, a diretora francesa Anne Fontaine entende bem do assunto: sob sua condução, 'Agnus Dei' (2015), narra a história das freiras na Polônia que eram escondidas por estarem grávidas de nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. 


O longa acompanha a história do jovem Marvin Bijoux (Finnegan Oldfield), que nasceu numa pequena aldeia francesa, no seio de uma família pobre, inculta e totalmente dependente de apoios sociais. Devido à sua personalidade tímida e insegura, transformou-se numa criança delicada, alvo fácil de todo o tipo de abusos e maus-tratos. Em casa, era desprezado pelos pais, que o consideravam demasiadamente efeminado; na escola, era constantemente maltratado pelos colegas. Mas, quando se juntou ao grupo de teatro escolar, descobriu a sua verdadeira vocação. Ao atingir a maioridade, Marvin segue para Paris em busca do sonho de se tornar ator. E é debaixo das luzes da ribalta, longe das pessoas que o desprezavam, que acaba por se afirmar não apenas como artista, mas como ser humano, digno de respeito como qualquer outra pessoa. 

Durante uma palestra num curso de teatro, o professor Abel (Vincent Macaigne) afirma que ser homossexual é como viver uma experiência radical no exílio: 'Quando alguém sofre com o racismo por exemplo, enfrenta o preconceito dentro de casa ou na escola,  costuma voltar para o ambiente familiar onde geralmente isso não acontece. Uma criança gay, no entanto, muitas vezes continua dentro de um mundo que as reprime e ataca: está ainda ocultando uma parte de si que sequer entende completamente.'  O longa de Fontaine, é um duro relato de um exílio como esse. Marvin era abusado na escola e estando em casa, quando não era tratado como um invisível, era menosprezado pelos pais por ser mais delicado que os outros meninos. 

Como tantos outros, o filme é um chamado à conscientização quanto ao preconceito e o que hoje é conhecido como bullying, um chamado ao cuidado para com as crianças que são 'diferentes' das demais:  dá como exemplo  (inverso), a família ligeiramente disfuncional de Marvin, e mostra que amor e atenção não devem faltar em tempo algum. 

'Marvin' é prejudicado pela falta de cadência, e por ter um protagonista (na fase adulta) que não demostra empatia na trajetória de um personagem com tamanha carga emocional e lembranças ruins. Porém, por propor um debate urgente sobre o assunto e ter a participação garbosa da diva francesa Isabelle Huppert (que aqui vive ela mesma), o longa merece atenção. 


Vale Ver !


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