PiTacO do PapO - 'O Lar Ideal' | 2018
NOTA 7.5
Por Rogério Machado
O cinema sempre foi e será um dos caminhos para conscientização , quebra de paradigmas, e claro, preconceito. Se é eficaz ou não para o público alvo, isso não nos cabe dizer, mas é certo que tudo que nos leve a pensar sobre um determinado assunto, deve ser fomentado e incentivado afim de que a discussão cresça e tome o caminho que precisa tomar. Afinal, de que valeria abordar assuntos que são comuns à um determinado grupo? 'O Lar Ideal' , provável tÃtulo de 'Ideal Home', ainda inédito por aqui, não é exatamente novo no tema que abraça, mas consegue o equilÃbrio entre o entretenimento e a 'militância'.
Na história conhecemos um casal gay que lida com o mundo da tevê: Steve Coogan dá vida a Erasmus, uma verdadeira celebridade, dessas bem excêntricas, de programas de gastronomia, enquanto Paul Rudd, que o auxilia na produção para o programa, é um parceiro mais hesitante e que se sente em segundo plano na relação. Conturbado e extravagante, o casal terá uma nova experiência com o surgimento de Angel, um neto de Erasmus, (cuja existência ele desconhecia), podendo essa desconfortável surpresa mudar os rumos do relacionamento para o bem ou para o mal.
Sob a batuta de Andrew Fleming (do sucesso 'Jovens Bruxas', 1996), 'Ideal Home', como disse na abertura desse texto, não apresenta nada de novo : uma criança mal educada cai nas mãos de um casal, e o estranhamento inicial, dá inÃcio à um súbito carinho regado com trilha sonora contagiante e uma contagem do tempo repleta de imagens que resumem a aproximação - a diferença é que aqui o casal em questão é composto por dois homens. O que claro, resultariam em algumas cenas que pleiteiam em favor da igualdade e aceitação, e outras que demostram o habitual preconceito, que aqui não é tão explorado. Ponto positivo pela naturalidade incomum com que o tema é tratado, já que em geral, produções parecidas tendem a dramatizar demais.
Muito embora clichês se façam presentes, o ponto de fuga , passa a residir no carisma dos protagonistas que encaram o desafio com leveza, cuja naturalidade transparece numa relação entre duas pessoas com temperamentos muito diferentes, mas com particularidades que se completam. Coogan, em uma performance afetada e cheia de comicidade, se contrapõe à porção dramática da produção, que encontra uma maneira doce de abordar o tema. Toca na ferida da adoção por casais homossexuais, mas o faz com elegância.
Vale Ver !
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