PiTacO do PapO - 'A Esposa' | 2018
NOTA 9.0
Literatura de alto nÃvel e um relacionamento em crise.
Por Karina Massud @cinemassud
Glenn Close está na seleta categoria de atrizes que podem se dar ao luxo de fazer o papel que quiser que os louros sempre serão inevitáveis. Seu papel em “A Esposa” talvez venha a ser o que lhe renda o já há muito tempo merecido Oscar.
Joe e Joan Castleman estão juntos há quase 40 anos, ele um escritor renomado e ela sua dedicada esposa. O filme começa quando Joe finalmente ganha o prêmio Nobel da Literatura, a honraria máxima para profissionais de diversas áreas, e eles partem para Estocolmo para a entrega do prêmio. É nesse momento do auge da carreira do escritor que um pequeno grande segredo vem à tona e transforma tudo o que se pensava até aquele instante. Ao longo da viagem à Suécia, dos ensaios para a cerimônia e outros eventos relacionados ficamos conhecendo o passado do casal. Eles se conheceram nos anos 50 na universidade onde Joe lecionava Literatura e Joan foi lhe apresentar o rascunho de um romance, se apaixonaram, Joe deixou a primeira mulher e estão juntos desde então numa cumplicidade de dar inveja, eles se amam, se odeiam e nutrem uma co-dependência que talvez pareça doentia.
Glenn Close está estupenda como a intrigante Joan, numa interpretação sofisticada e cheia de nuances que muitas vezes dispensa palavras. Aos olhos do público ela se mostra como a esposa passiva, quase muda e invisÃvel, “que não escreve” e que dedicou sua vida a cuidar dos afazeres da casa, da famÃlia e principalmente do bem-estar do marido escritor para que ele pudesse se dedicar aos seus livros. No inÃcio da trama é a imagem que se tem da personagem, que vai ganhando outros contornos conforme a história se desenrola. Jonathan Pryce (conhecido do grande público como o maléfico Alto Pardal da série “Game Of Thrones”) também brilha como o escritor estrelado e mulherengo que vive rodeado de intelectuais e também de puxa-sacos.
Baseado no romance de mesmo nome de Meg Wolitzer, “A Esposa” escancara questões como a submissão feminina (ou seria prova de amor?), comparação e competição entre pais e filhos, mentiras brancas, inveja e acima de tudo vaidade. É um filme de atuações magistrais e diálogos cortantes onde a tensão e os acontecimentos vão crescendo e levando todos emocionalmente ladeira abaixo até um desfecho amargo, mas perfeito. A vontade é que o filme não acabe!
Super Vale Ver !
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