PiTacO do PapO - 'O Grande Circo Místico' | 2018
NOTA 7.0
Por Rogério Machado
Baseado na adaptação do poema homônimo de Jorge de Lima, presente no livro "A Túnica Inconsútil" de 1938, 'O Grande Circo Místico', foi levado aos palcos em 1982, num musical criado por Edu Lobo e Chico Buarque. E agora é o grande cineasta Cacá Diegues ('Bye Bye, Brasil' -1979), quem traz para as telas o sucesso do teatro, inclusive com algumas canções da dupla. O longa é o representante do Brasil na disputa pelo Oscar de Filme Estrangeiro, e foi o filme de encerramento do Festival do Rio 2018.
O filme apresenta a história de cinco gerações da família proprietária desse que é chamado de 'O Grande Circo Místico'. Desde a inauguração do espetáculo, em 1910, até os dias atuais, a narrativa acompanha, com a ajuda de Celaví (Jesuíta Barbosa), o mestre de cerimônias, as aventuras e os amores da família Kieps, desde o início, passando por sua decadência, até o fatídico desfecho.
Cacá Diegues escolhe contar sua história em capítulos e nesse ponto a narrativa acerta em cheio: ao longo de um século conheceremos Fred (Rafael Lozano) e Beatriz (Bruna Linzmeyer) , em seguida Charlotte (Marina Provenzzano) e Jean Paul (Vincent Cassel), os filhos deles Oto (Juliano Cazarré), um domador, e Clara (Flora Diegues), a dançarina, e por fim o drama da trapezista Margarete (Mariana Ximenes), filha de Oto que tem vontade de sair do circo e seguir sua vocação para uma carreira religiosa.
A maneira como a história e montada e apresentada ao público é sim um ponto positivo, mas tudo para no conceito. O desenvolvimento da grande maioria dos personagens são mal costurados, além de um roteiro raso que não permite que cada um deles sejam melhor destrinchados diante do público. A exceção chega no final com a trapezista de Ximenes, que mostra uma certa tristeza e mistério incomuns, destoando dos demais personagens - além dos desdobramentos de sua persona - que têm peso dramático e consistência.
Porém, há de se considerar a riqueza de todos os apuros técnicos. Desde a fotografia, passando pela direção de arte, até os figurinos, a produção é de uma riqueza que impressiona até os olhos mais desatentos para esses detalhes. O texto também encontra bom abrigo nas bocas de seus intérpretes, (com destaque para o sempre ótimo Jesuíta Barbosa), mas é uma pena que os toques de humor, por muitas vezes ultrapassam o tom em diálogos onde ele não cabe. 'O Grande Circo Místico' é muito mais visual do que propriamente conteúdo, mas ainda sim vale ser visto no cinema.. é um filme feito por e pra quem ama a grandiloquência que a sétima arte representa.
Vale Ver !
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