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PiTacO do PapO - 'A Prece' | 2018

NOTA 6.0

Por Rafael Yonamine @cinemacrica

Um centro de reabilitação afastado nas montanhas é o destino do jovem viciado Thomas. Além do isolamento, essa comunidade de ex-usuários de drogas tem o método de tratamento respaldado no cristianismo. Desse modo, prega-se a prática de dogmas como a oração, trabalho árduo, abstinência e a previsível disciplina.



O diretor Cédric Kahn demonstra grande competência em edificar um ambiente permeado por uma atmosfera pseudo-acolhedora. Ao mesmo tempo em que a disciplina é regida pelo cristianismo, não é possível sentir qualquer esboço de felicidade genuína. O clima é pesado, a insalubridade impregna-se no espaço físico e nas relações humanas. Apesar de não haver violência, o trato humano fraternal é questionável e cede espaço a uma espécie de senso repressor silencioso. O rigor cotidiano e algumas normas sociais como a proibição de qualquer membro se ausentar da presença do grupo exemplificam essa pressão exercida sem força física.

O protagonista, interpretado por Anthony Bajon, é um dos pontos altos do longa. Extremamente persuasivo em representar a dificuldade de se desgarrar das drogas. Além disso, é o grande responsável por conduzir a evolução do drama que vai desde a limpeza química ao interesse na religião. Portanto, o filme se torna interessante por se aprofundar em dilemas humanos como a escolha por uma vida sóbria seguida da difícil decisão de carreira, nesse caso, a opção clerical.

O alicerce dessa construção, entretanto, não tem um bom acabamento. O filme se apequena em oferecer como prato principal o dilema mal executado entre fé e carne. Acaba sendo menos poderoso que os outros dois já propostos (saúde e drogas, vida clerical). Poderia funcionar, principalmente sob a atuação de Bajon. Mas, a condução dramática e a lente do diretor não embasam esse último dilema, o personagem não parece viver aquilo a ponto de ser o grande elemento de desfecho da obra.

Vale Ver, Mas Nem Tanto ! 




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