PiTacO do PapO - 'Era Uma Vez um Deadpool' | 2018
NOTA 8.0
Uma versão natalina do segundo filme, só que sem o natal
Por VinÃcius Martins @cinemarcante
Quando escrevi o pitaco de 'Deadpool 2' em maio de 2018, acabei deixando de comentar o quão menos engraçado e mais sisudo o filme é em relação ao primeiro, lançado em 2016. As piadas estão ali, claro, mas o arco do protagonista é tão mais pesado que rir delas acaba parecendo, por vezes, desproporcional. É como 'Click’, aquela “comédia” de 2006 com o Adam Sandler que fez muita gente (eu, inclusive) chorar baldes de lágrimas com sua mensagem pesada e melodramática. O que acontece em 'Era Uma Vez um Deadpool’ é uma revisitação a esse segundo filme sob o olhar de quem acompanha a história de fora, com a perspectiva do espectador - espectador esse que se personifica na figura de Fred Savage - para que se possa pelo menos rir um pouco das incoerências do filme, afinal.
Em sua edição para menores,o filme faz piada com a censura a si mesmo ao cortar palavrões e cenas sanguinolentas, usando Savage como um contraponto dentro da história que é contada em um livro lido por Deadpool. O filme é o mesmo, essencialmente. O que houve foram cortes estratégicos e mudanças em algumas falas, além do acréscimo dessa leitura da história que é recontada e de algumas rápidas tentativas do protagonista em cometer suicÃdio - que parecem mais ser material de extras de Blu-ray. A experiência é menos agressiva, mas não menos intensa. Algumas piadas foram atualizadas, como a do atual status da compra da Fox pela Disney, mas isso acaba tornando o filme, inevitavelmente, datado. Dificilmente aquela piada terá graça no final de 2019. O charme está nas interrupções que cortam piadas no meio e quebram o clima pesado que algumas cenas deixam ao passarem.
Com um apelo natalino, trazendo Deadpool e Savage montados em uma rena na imagem que se exibe no cartaz, o filme soa mentiroso ao se aproveitar da temporada para fazer mais dinheiro exibindo a mesma coisa. Mas isso não é ruim, já que a arte da trollagem é uma aula dada pelo anti-herói que Ryan Reynolds interpreta. As respostas aos pontos chave do filme (questões como a divisão de Deadpool em dois e sua eventual multiplicação) questionando os furos do roteiro, assim como ao dramalhão do final, criam toda a empatia necessária para não deixar a peteca cair para o público que já viu a edição para maiores. Esse mérito, de tirar sarro de si mesmo, ninguém pode tirar de 'Era Uma Vez um Deadpool’.
P.S.: Há uma singela homenagem ao mestre Stan Lee nos créditos marcando a despedida de um dos maiores nomes das histórias em quadrinhos. Vale a pena prestar atenção.
Vale Ver !
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