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PiTacO do PapO - 'Maria Callas - Em Suas Próprias Palavras' | 2018

NOTA 9.0

Por Rogério Machado


Maria Callas era uma mulher que tinha tudo para dar errado na vida. A maior cantora que o cenário da música lírica já conheceu veio de uma família humilde, era gorda, feia, e ainda por cima com um nariz desfavorável se pensarmos na imagem estética de um pop star... mas foi exatamente isso que ela se tornou. Callas, uma greco-americana, mudou o conceito da música lírica, desconstruindo conceitos e regras pré estabelecidas para as mulheres naquele meio, principalmente no que diz respeito ao uso da voz. É sobre o maior ícone dos palcos de ópera que o diretor francês Tom Volf se debruçou durante anos num projeto que resultou em um livro e agora um filme, 'Maria Callas' - Em Suas Próprias Palavras', que chega em circuito comercial nessa quinta feira. 


Maria Callas foi alçada à fama depois da Segunda Guerra Mundial e tornou-se a principal atração das óperas do mundo todo. Juntando material de arquivo restaurado com as palavras da própria Callas, o filme nos mostra um novo olhar sobre suas vidas pública e privada. Ouvimos a soprano através de entrevistas que deu durante a vida, incluindo uma conversa com David Frost, que era considerada perdida. Assim, ao dar uma nova perspectiva aos eventos-chave da vida dela, o filme derruba a reputação de que ela seria uma mulher temperamental, já que a história nos conta que ela, vez por outra se desentendia com contratantes, sendo considera persona non-grata em grandes teatros pelo mundo.

A grande sacada parte desde o título e segue fiel pelas entrelinhas da intimidade da cantora apresentada pelo seu conteúdo. Seja por 'Maria By Callas' (no original) ou pelo ótimo título nacional, o filme funciona como uma espécie de diário que vai sendo aberto diante do público que se revesa em entrevistas, cartas (narradas pela atriz francesa Fanny Ardant, que a interpretou no longa 'Callas Forever' - 2002) e o biscoito fino da produção, que são suas apresentações - grande parte delas apresentando canções completas de peças famosas como 'Norma' e 'Tosca'.

Na vida pessoal, o longa dá grande foco ao seu casamento com o magnata grego Aristóteles Onassis e sua devoção por aquele que foi o grande amor de sua vida. Que, diziam as más línguas, não gostar de ópera e ser um dos incentivadores para que ela abandonasse a carreira. 

Esse material histórico é muito mais do que um simples documentário, é um livro aberto sobre a vida da 'La Divina' (como era conhecida), bem dirigido, montado e editado. Tom Volf conseguiu em seu primeiro trabalho na direção, apresentar um material irretocável e completo, como se estivesse sendo apresentado pela própria Callas. O longa, que funciona com um didatismo sem igual, introduz a cantora com tamanha propriedade, que mesmo quem não conhecia nada da artista até assistir, sai da sessão um pouco fã dela.


Super Vale Ver !


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