PiTacO do PapO - 'O Retorno de Mary Poppins' | 2018
NOTA 9.0
Por Rogério Machado
Mais de meio século separam 'Mary Poppins' até seu retorno em 2018. Ao contrário do que muitos pensam, o filme do cineasta Rob Marshall não é um remake ou algo do tipo, a produção é exatamente uma continuação do filme de 1964 estrelado por Julie Andrews. Mantem-se muitos dos personagens, mas claro, trocam-se seus interpretes... que risco! Como substituir Mrs Andrews à altura? A boa notÃcia é que Emily Blunt cumpre a tarefa com aparente tranquilidade. Pra quem conhece o longa original sabe que o forte na personalidade de Poppins são as caras e bocas, os trejeitos levÃssimos e o sorriso discreto, quase misterioso, e isso Blunt reproduz com fidelidade. 'O Retorno de Mary Poppins', que estreou ontem nos cinemas brasileiros, ganha volume em função da alta performance da personagem tÃtulo.
O longa se passa numa Londres abalada pela Grande Depressão. É no meio desse perÃodo complicado, não só pro paÃs como pra famÃlia Banks, que Mary Poppins (Blunt) desce dos céus novamente trazendo um pipa perdida e junto com com seu fiel amigo Jack (Lin-Manuel Miranda) eles irão ajudar Michael (Ben Whishaw) e Jane Banks (Emily Mortimer), agora adultos trabalhadores, que sofreram uma perda pessoal. As crianças Annabel (Pixie Davies), Georgie (Joel Dawson) e John (Nathanael Saleh) vivem com os pais na mesma casa de 24 anos atrás e precisam da babá enigmática e o acendedor de lampiões otimista para trazer alegria e magia de volta para suas vidas.
Marshall tem tarimba para musicais. Seu currÃculo inclui filmes como 'Annie' (1999), o vencedor do Oscar 'Chicago' (2002) e 'Nine' (2009). Apesar de estar produzindo musicais com boa desenvoltura nas telas há muito tempo, em 'O Retorno de Mary Poppins' ele se reinventa: o longa resgata a alma dos tradicionais musicais dos anos 50 e 60 que por sua vez bebem da inesgotável fonte da Broadway. Muito embora as canções (bem verdade que não tão marcantes quanto as da trilha do longa de 1964, premiada com o Oscar inclusive) não dominem a trama, elas acontecem em momentos pontuais para dar conclusão à assuntos em questão nas cenas em que se fazem necessárias, tudo com muita organicidade.
Outro detalhe importantÃssimo e inédito no longa original foi a primeira aposta na junção live action (personagens de carne e osso) e animação. Como não poderia deixar de ser Marshall também usa o recurso e o resultado é um deslumbre de cores e efeitos que inevitavelmente magnetizam adultos e crianças. São nos momentos de animação em que a cenografia e os belos figurinos da oscarizada Sandy Powell chamam mais atenção: as roupas parecem feitas de papel, causando um resultado interessantÃssimo na tela. Não seria surpresa mais uma indicação ao Oscar para a figurinista britânica.
Impressiona também a qualidade das performances de todo elenco, mas há que se ressaltar o brilhantismo do elenco adulto, principalmente os veteranos como Julie Walters, Dick Van Dyke (também presente do filme original), Angela Lansburry e a necessária Meryl Streep (grande maioria em pontuais e marcantes participações na aventura). Mary Poppins retorna bem a tempo - a magia anda fazendo falta pro mundo, anda fazendo falta pra quem precisa apenas de um ponto de vista diferente.
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