Adsense Cabeçalho

PiTacO do PapO - 'Utøya 22 de Julho: Terrorismo na Noruega' | 2018

NOTA 6.5

Por Rafael Yonamine  @cinemacrica

Utoya, Noruega. 22 de Julho de 2011. Dois atentados abalam o país. O primeiro, uma bomba em Oslo. O segundo, foco do longa, um tiroteio desenfreado na pequena ilha de Utoya. Esse último episódio resultou na morte de 77 pessoas que participavam de um acampamento. Ambos os delitos praticados pelo mesmo ultradireitista contrário às ideias dos partidos de esquerda noruegueses.


O subsídio cinematográfico recai de forma estreita à recriação dos momentos de terror que duraram cerca de 72 minutos. Destaca-se como recurso técnico a bela  filmagem num plano-sequência com enquadramentos próximos aos personagens. A proposta é bastante coerente e de fato nos posiciona no centro da tensão fazendo o melhor uso da absorção do desespero coletivo. Essa opção estética e funcional fez com que o diretor Erik Poppe tomasse o olhar da jovem Kaja como a principal testemunha do terror. A câmera flutua organicamente com a garota na sua busca por salvação e breves interações com outros acampantes igualmente aterrorizados.

Se o olhar do diretor é preciso, o roteiro desliza. Investir cerca de uma hora, de forma íntima e ininterrupta, retratando a busca do protagonista pela sobrevivência é um desafio. A dificuldade reside na geração contínua de interesse da audiência. É imprescindível adicionar elementos coesos que agreguem para a proposta da obra que, nesse caso, é a potencialização da sensação de terror. O que nos é apresentado são alguns altos e baixos que, na média, posicionam a narrativa num patamar bem abaixo do incrível. Certas partes do plano são geniais, como a primeira tentativa de Kaja se esconder com o grupo perto de um arbusto: dinâmico, tenso, funcional. Mas, outras como boa parte do que é retratado na costa da ilha são tediosamente sofríveis. E, sendo caprichoso, confesso ser inverossímil que uma adolescente colecione tantas interações sociais nesse espaço de tempo e ao som de tiros. A opção de filmar num plano-sequência traz consigo responsabilidades laboriosas.

É um uma proposta polêmica que pode fascinar alguns e entediar outros. Concordo que há margem para os dois cenários. Na dúvida, experimente. Vale a pena.


Vale Ver Mas Nem Tanto! 


Nenhum comentário