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PiTacO do PapO - 'Lizzie' | 2019 - Crítica 2

NOTA 7.5

Por Rogério Machado


Não resta dúvida que a cultura patriarcal do século passado ainda habite entre nós nos dias de hoje, mas é certo que nada se compara com o que muitas mulheres viveram há muitas e muitas décadas trás, obrigadas a se anular para manter um legado, um sobrenome, ou mesmo uma reputação. O rompimento dessas muralhas levantadas pelo machismo acontece em 'Lizzie', filme que acabou de chegar a poucas salas no país, através da personagem título, que apesar de estar aprisionada por convenções, e claro, pelo simples fato de ser mulher e ter epilepsia, não se intimida nem com as rígidas correções do pai, e se impõe, ainda que por meios nem sempre triviais.   


A história se passa em 1892, em plena Era Vitoriana. Seremos introduzidos a Lizzie Borden (Chloë Sevigny), uma mulher solteira que ainda vive sob a rigidez de seu pai, Andrew (Jamey Sheridan), por mais que tenha atitudes consideradas ousadas para a época, tal situação vive provocando atritos entre pai e filha, ampliados pelo frágil estado de saúde dela. Menosprezada como filha e como mulher, Lizzie aos poucos se aproxima de Bridget Sullivan (Kristen Stewart), uma jovem criada que trabalha há pouco tempo para a família e que vai sacudir involuntariamente as estruturas dessa casa.

Com direção de Craig Macneil, a trama é baseada na história real da personagem título, que reza a lenda, assassinou com requintes de crueldade e extrema brutalidade a madrasta e o pai num evento que chocou a cidade de Fall River, Massachusetts. A direção é acertada, a fotografia chama a atenção, mas o longa peca na montagem e edição, que já de cara apresenta a cena de impacto , quebrando o clima de mistério que o suspense poderia angariar com o andar da trama. Sendo assim, o longa se apoia sobremaneira nas performances de suas protagonistas, que até consegue relevância na talentosa Sevigny, mas que encontra em Stewart o 'calcanhar de Aquiles' para manter o nível de suspense proposto na sinopse inicial, isso devido ao tom de sua interpretação, num volume bem mais baixo do que sua partner em cena.

'Lizzie' é uma tragédia marcada pela cultura patriarcal , como obra documental até funciona, mas perde a oportunidade de se reconhecer como uma boa trama de suspense. Empoderamento feminino, vingança, drama familiar.. o longa de Macneil tem muitas caras, mas por querer  abraçar o mundo acabou perdendo seu público alvo.  A nota justifica-se pela boa ambientação de época e pela presença da protagonista que defende sua Lizzie com excepcional desenvoltura. 


Vale Ver ! 


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