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PiTacO do PapO - 'Temporada' | 2019

NOTA 5.9

Por Rafael Yonamine @cinemacrica


A escolha do subúrbio  mineiro, que beira Belo Horizonte, diz muito sobre a proposta. Nesse ambiente, a recém chegada Juliana ingressa no cargo concursado de vistorias domésticas para o combate de endemias como a dengue. Esse é o ponto de partida para a interação com os moradores de Contagem, maturação de dolorosos dramas pessoais e assimilação de episódios passados de difícil cicatrização.


O que se sobressai é a espontaneidade dos personagens e a naturalidade com que o diretor André Novais Oliveira nos reapresenta passagens cotidianas que passam despercebidas. Essa combinação gera uma empatia imediata e contribui para o estreitamento do vínculo emocional com viés de positividade em prol da personagem principal e seus colegas. O retrato social embasa essa construção. Os planos, por vezes alongados, não economizam na expressão do verdadeiro cenário urbano desprovido de glamour. Estamos diante de uma construção fidedigna do que é a vivência de um brasileiro médio.

Na ânsia de contextualizar bem os ambientes, considerei o uso de enquadramentos muito abertos excessivo. A ausência prolongada dos planos que dinamizam diálogos e que focam nos rostos dos personagens, torna o fluxo interpretativo mecânico. É nítido como as atuações ficam mais fluidas quando o diretor abre mão do rigor amplo e aproxima a lente dos atores. O roteiro, por sua vez, é despretensioso em propor amarrações para os diversos sinais emitidos. Ora supomos que o arco direciona a narrativa para uma conclusão ligada ao marido, ora aparenta-se que o tema da maternidade terá maior investimento.

A proposta é, portanto, priorizar a vivência verdadeira em detrimento de construções lógicas e estruturas de enredo que o grande público está habituado. Essa escolha, merecedora de créditos, por vezes esbarra em zonas como a sensação de vazio, mesmo que bem contextualizada.

Nem Vale Ver !


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