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PiTacO do PapO - 'Duas Rainhas' | 2019

NOTA 7.5

Por Karina Massud @cinemassud 


A velha e boa luta pelo poder, por um trono e uma coroa, somada à igualmente milenar vaidade feminina. “Duas Rainhas” é sobre o embate de duas mulheres poderosas, determinadas e ousadas: Elizabeth I, a Rainha Virgem e sua prima-irmã e inimiga Maria da Escócia. Ambas lutando entre si e contra o machismo e preconceito vigentes no século XVI, em que homens brutos e inescrupulosos governavam e mulheres no poder eram vistas como “contra a natureza” (5 séculos se passaram e o cenário parece não ter mudado tanto)


Cabe aqui um rápido resumo histórico sobre o que antecedeu nesse confronto narrado no filme de estreia da diretora de teatro britânica Josie Rourke. Elizabeth I , protestante, rainha da Inglaterra, filha do Rei Henrique VIII e de Ana Bolena (que morreu decapitada a mando do Rei). Mary Stuart, rainha católica, depois de enviuvar do Delfim da França retorna à Escócia (país do qual se tornou monarca aos 6 anos de idade) decidida também a assumir o trono inglês do qual se acha legítima herdeira por pertencer ao ramo dos Tudor, nesses emaranhados confusos de toda árvore genealógica real. Mais um capítulo da conturbada relação Inglaterra/Escócia.

A diretora soube captar a alma feminina e a competição/comparação boba que surge quando a insegurança ataca : “Você é mais bonita, você é mais corajosa que eu”. Ao mesmo tempo em que Mary tenta de todas as maneiras erguer a bandeira branca com Elizabeth convidando-a para ser madrinha de seu filho, a tensão vai crescendo com as intrigas e conspirações armadas por todos da corte. E Elizabeth se sente terrivelmente ameaçada pela gravidez da prima, sendo pressionada por todos a casar e gerar um herdeiro. Sua tão falada virgindade é objeto de mil especulações até hoje, pois Elizabeth se dizia casada com o povo e seu país. Por outro lado Mary estava no 3º casamento e era tida por todos como “vadia”. A trama peca por não focar nos pontos mais interessantes: Mary, a protagonista do título que teve sua história apenas pincelada; Elizabeth, de vida igualmente fascinante e longo reinado ( 45 anos)  e finalmente  a luta contra o grande inimigo de ambas – o patriarcado.  

O ápice do filme é o encontro entre as duas num estado frágil, de dar pena (encontro esse que nunca houve na vida real), quisera o filme tivesse mais momentos como esse: Elizabeth com a maquiagem pesada para encobrir as muitas marcas de varíola e uma peruca pra encobrir a careca num ótimo diálogo com uma Mary acuada pedindo refúgio e apoio. Lindas interpretações de Margot Robbie e Saoirse Ronan, imponentes e tocantes - é nítido que ambas temem e ao mesmo tempo estão fascinadas uma com a outra. O sentimento que fica é: que pena que elas não se entenderam, uniram forças e se tornaram amigas.


Vale Ver !


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