PiTacO do PapO - 'Poderia Me Perdoar?' | 2019
NOTA 8.5
Por Rogério Machado
O mundo literário pode ser altamente ingrato e implacável. Ausência criativa é coisa de preguiçoso? Será mesmo que só se escreve um best-seller na vida? A pressão pra quem está inserido na carreira literária, pode atingir nÃveis estratosféricos, afinal, como deixar o emocional de lado e produzir com inspiração quando a fonte seca e as contas não param de chegar? 'Poderia Me Perdoar?' , que só vem a confirmar o nome de Marielle Heller como uma das melhores diretoras da nova geração, depois de tantos trabalhos memoráveis, estreia nessa quinta feira já carregando a tira-colo duas indicações importantes no Ocar 2019: a de Melhor Atriz por Melissa McCarthy e a de Melhor Ator Coadjuvante por Richard E. Grant.
Baseado em um história real, cabe a McCarthy encarnar a escritora Lee Israel, uma aclamada autora de biografias. Depois de ser demitida pelo seu comportamento nada convencional, andando de um lado para o outro, implorando por qualquer trabalho, e passando por problemas financeiros, a jornalista tem a 'brilhante' ideia de forjar e vender cartas de personalidades já falecidas, um negócio criminoso que dá muito certo. Quando as primeiras suspeitas começam, para não parar de lucrar, ela modifica o esquema e passa a roubar os textos originais de arquivos e bibliotecas., para isso ela conta com a ajuda de um novo amigo, Jack Hock (Richard E. Grant), que também já esteve ligado ao meio literário e hoje também amarga um momento de ostracismo e em plena derrocada pessoal e profissional.
'Poderia Me Perdoar?' carrega no seu cerne pretensões de comédia dramática, mas consegue ser multifacetado o bastante graças ao talento da dupla de protagonistas: o filme reitera o talento inquestionável de Melissa McCarthy e Richard E. Grant, ambos em atuações superlativas e com uma troca impressionante na tela. Sem dúvidas, a melhor interpretação de ambos em muito tempo , quiçá desde os primórdios da carreira de cada um. McCarthy, surpreende e mostra que não é atriz somente para comédia pastelão, ela pode ir muito além disso, encarando aqui uma personagem lésbica, alcoólatra, desleixada e com tendências depressivas. Já E. Grant, veterano do cinema, tem aqui a chance de fazer o oposto, demonstrar sua versatilidade defendendo um homem gay de idade avançada, afetado, de humor debochado e com certo refinamento.
O longa de Heller (que fez falta inclusive nas indicações do Oscar, defendendo a cadeira de uma mulher na direção) é uma comédia de empatia imediata, de humor ácido sobre farsas, mercados literários e amizade incondicional. Lee Israel será a charlatona mais adorável que um dia qualquer um de nós já conheceu.
Vale Ver !
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