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PiTacO do PapO - Absorvendo o Tabu | 2019

NOTA 9

"Incomodada ficava sua avó!”

Por Karina Massud @cinemassud

Acredite se quiser: estamos em pleno século 21 e ainda existem lugares como a Índia rural onde a menstruação é um tabu, um fenômeno natural desconhecido pelas próprias mulheres, que não tem noção do por quê  ele ocorre (“é um sangue sujo que sai da gente”) e ainda mais pelos homens que pensam ser uma doença ou maldição. É esse o cenário por onde passeia o documentário “Absorvendo o Tabu” (pela primeira vez um título nacional  genial), ganhador do Oscar de Melhor Documentário Curta- Metragem (uma das surpresas da noite).


A invenção do absorvente feminino na década de 30 como o conhecemos hoje sem dúvida melhorou a qualidade de vida das mulheres, que antes usavam paninhos dobrados tipo uma fralda. Antes não, em lugares paupérrimos e subdesenvolvidos como essa vila rural em Nova Delhi panos sujos e até folhas são usados, pois as mulheres não conhecem um absorvente ou simplesmente não podem comprar um. Muitas vivem com o sangue escorrendo, precisam largar os estudos e são proibidas de rezar quando menstruadas.

O que parece mágica acontece nessa aldeia: um engenheiro empreendedor instala, com a ajuda da ONG “The Pad Project” (que também produziu o curta) uma máquina pra fabricação de absorventes higiênicos de baixo custo, e chama moradoras locais pra trabalhar na fabriqueta. E essas mulheres, em sua maioria donas-de-casa e agricultoras, lutam pra desmistificar a menstruação: produzem, levam conhecimento a outras mulheres, vendem e divulgam o  produto “inovador”.
        
“Absorvendo o Tabu” mostra esse belo exemplo de emancipação feminina na sociedade antiquada e patriarcal da Índia, um ambiente absolutamente machista e opressor onde ser mulher parece quase que um castigo. É emocionante ver mulheres que pela primeira vez na vida ganham  um dinheirinho com o seu trabalho (não que não trabalhassem antes, pois elas ralam muito!); horizontes se abrem e desencadeiam uma revolução em suas vidas,  pois dinheiro gera independência, planos e liberdade, conceitos antes nunca imaginados. São 26 minutos que nos fazem refletir o quanto ainda é preciso lutar pelo avanço global das mulheres.


Super Vale Ver !



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