PiTacO do PapO - 'Fyre Festival - Fiasco no Caribe' | 2019

 NOTA 8.5

Luxo, ilusão e um desastre épico

Por Karina Massud @cinemassud

É fato que as redes sociais são ilhas da fantasia onde seus usuários beiram a perfeição: são ricos, tem vidas e relacionamentos perfeitos e empregos dos sonhos, e almejam cada vez mais ostentar status de felicidade absoluta e diária. Isso criou uma horda de pessoas procurando cada vez mais imagem do que conteúdo, frequentar lugares hypados que rendem ótimas selfies e vendem uma imagem invariavelmente falsa.

Se essa busca frenética não existisse, golpes como o Festival de Música Fyre jamais aconteceriam. Uma festa nababesca, cintilante, com gente linda, shows de artistas famosérrimos numa ilha magnífica nas Bahamas, com águas transparentes, areia branquinha, iates e bangalôs de luxo: tudo parecia um sonho no vídeo promocional.“Fyre Festival – Fiasco no Caribe”, documentário da Netflix, que conta a história desse golpe monumental.

Billy McFarland é um gênio empreendedor, porém ganancioso e charlatão, que com seu carisma e inteligência conseguia vender o que quisesse e para quem quisesse. Ele criou o aplicativo Fyre ( que visava contratar pessoas famosas) e pra promovê-lo teve, junto do rapper Ja Rule, a ideia  de  promover essa festa pra 6 mil pessoas numa ilha particular das Bahamas que pertencia a Pablo Escobar, lugar quase deserto com quase nenhuma infra-estrutura. Mirou num público endinheirado sedento por mais status, e com a divulgação do teaser fabuloso vendeu todos os ingressos em poucas horas.

O filme se divide em depoimentos de muitos dos envolvidos na festa/aplicativo, os responsáveis pelo marketing, e moradores da ilha que trabalharam à exaustão no evento, imagens de arquivo de Billy, Ja Rulle e da milionária boba que injetou dinheiro sem parar no investimento. Ninguém jamais recebeu pelo trabalho.  

O diretor Chris Smith ( diretor do igualmente ótimo “Jim & Andy”, documentário que segue o ator Jim Carrey se preparando pra viver o comediante Andy Kaufman) foi muito habilidoso em criar um clima de tensão que aumenta conforme o dia da festa vai chegando e nada está pronto pra receber os turistas. Tudo vai desabando, o dinheiro acabando e os funcionários entrando em pânico. Constrangimento e decepção misturados com imagens dos turistas  com apenas um sanduíche de queijo pra comer. Fica a dúvida se Billy realmente sabia que tudo ia dar errado ou se a megalomania e ganância o cegaram por completo.

A princípio, Fyre é tão absurdo que dá a impressão de ser um mockumentary (um falso documentário),mas não, ele é real! Um desastre fruto das manipulações de um sociopata sem limites num documentário bem amarrado e empolgante.

Vale Ver !