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PiTacO do PapO - 'Gloria Bell' | 2019

NOTA 8.0

Por Rogério Machado


Não é de hoje que hollywood cresce os olhos para produções estrangeiras, principalmente as latinas e francesas: serviriam como bons exemplos,  'O Segredo de Seus Olhos' (2009) , de Juan José Campanella , que em 2015 ganhou uma versão enlatada dirigida por Billy Ray atendendo pelo nome de 'Olhos da Justiça', ou ainda a versão do mega sucesso francês 'Intocáveis' (2011), que ganhou o nome de 'Amigos para Sempre' , filme estrelado por Bryan Cranston que chegou ao cinemas por aqui esse ano. É impossível saber ao certo, mas o 'namoro', não só com o longa 'Glória' (2013), mas com a direção do chileno Sebastian Lélio, tenha ganhado força com seu Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no ano passado por 'Uma Mulher Fantástica'. 'Gloria Bell' , que chegou essa semana aos cinemas brasileiros, não só traz a história 'a la Tio Sam', mas é realizado também pelas mãos que a trouxeram ao mundo pela primeira vez.


Glória Bell (Julianne Moore), é uma mulher de meia idade relativamente solitária mas de espírito livre, que ocupa suas noites buscando amor em boates para adultos solteiros em Los Angeles. Sua frágil felicidade muda no dia em que conhece Arnold (John Turturro). Sua intensa e repentina paixão pelo novo homem em sua vida, a deixa alternando entre esperança e desespero, até ela descobrir uma nova força e que agora, surpreendentemente, faz com que ela brilhe e seja ainda mais corajosa do que nunca para enfrentar os dilemas do dia a dia. 

Entre as grandes dádivas de 'Gloria' - tanto na versão original, brilhantemente defendida pela atriz Paulina Garcia, como nesse segundo olhar da produção -  estão a facilidade com que seu criador desenvolve todos os vértices dessa mulher cheia de nuances, que se divide entre o equilibrado e o passional, entre o doce e o amargo, entre os picos de consternação e felicidade desenfreada,  que num instante deita no chão da sala para desabar em lágrimas e um tempo depois está fervilhando na boate. O roteiro, também de Lélio, desenha essa mulher diante do público de maneira tão rica a ponto de a fazer humana, real, com desejos e sonhos, se colocando sempre em primeiro plano, mas sem deixar a benevolência de lado, para consigo e para com os outros.

O universo feminino de encontro com sua maturidade, da mulher que já passou por muitas experiências, mas ainda é capaz de viver tudo de novo pela primeira vez, é cerceado por uma trilha sonora com clássicos da disco e da música pop internacional oitentona como 'No More Lonely Nights' (Paul McCartney) e da icônica 'Gloria', de Laura Branigan, que coroa tanto o fechamento da produção chilena como nessa nova versão. A fotografia , a luz e a parte gráfica de 'Gloria Bell' também são de um primor extremo, que dão um acabamento luxuoso principalmente nos instantes reluzentes da personagem. 

Gloria brilha de um jeito ou de outro: como mãe, mulher, amante. Seja radiante pelo sucessos ou enclausurada pela chancela da solidão, Gloria é uma mulher comum, de trato afável, dá chance, volta atrás, mas em hipótese alguma se deixará enganar por uma ilusão romântica. 


Vale Ver !


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