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PiTacO do PapO - 'O Menino que Descobriu o Vento' | 2019

NOTA 8.5

O menino que nunca deixou de acreditar

Por Karina Massud @cinemassud


Talvez a pior pobreza seja a de espírito, que agrava todas as demais, especialmente em lugares onde as pessoas vivem abaixo da linha de miséria, sem eletricidade, água encanada ou comida suficiente.


“O Menino que Descobriu o Vento” é mais que um “feel good movie”, é uma maravilhosa história inspiradora de um garoto que enxergava além do que a vida lhe ofereceu. A trama narra a trajetória real do menino William, que vive em uma aldeia paupérrima do Malawi, e apesar da pobreza material seus pais fazem questão que ele estude (em escola paga, dá pra acreditar?!) pra ter uma vida melhor que a maioria que passa arando o solo de sol a sol e esperando pela próxima chuva pra poder colher grãos. Só que devido a vários fatores (seca, descaso do governo e inclusive a crise pós atentados de 11 de setembro) a situação do povoado chega à penúria extrema, a ponto de terem que escolher qual refeição do dia fazer. William, muito inteligente e perspicaz, um dia percebe que através do vento é possível criar energia para a bomba d´Ã¡gua, e ele vai lutar pra criar de maneira precária essa engenhoca que pode salvar todos da fome.

A atmosfera do filme é tensa pois se sente na pele o desespero por falta das chuvas, o racionamento de comida e a fome. Há momentos bem sofridos e tristes, o longa dá um soco na cara de quem se acha pobre. Pobre é essa aldeia, onde não existe água nem luz, e o maior dos luxos é um rádio velho carregado com pilhas recauchutadas pra ouvir alguns minutos de futebol no escuro. Em segundo plano (mas não menos importante), o roteiro faz uma crítica a um governo ditatorial disfarçado de democrático e escancara a desigualdade social que assola o planeta: enquanto uns acumulam bens, outros não tem nada além da roupa do corpo.

A produção da Netflix é a estreia na direção do também ator Chiwetel Ejiofor (que vive o pai de William e já atuou em filmes como “12 Anos de Escravidão” e “Amistad”), tem um elenco afiado e diálogos inteligentes vindos de pessoas humildes mas nem por isso menos sábias. A conclusão da história demorou a tomar corpo, poderia ter acontecido na segunda parte da trama e não na sequência final, o que não tira a beleza e o carisma de quase 2 horas de filme que prendem e comovem como nunca.


Vale Ver !


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