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PiTacO do PapO - 'Suprema' | 2019

NOTA 6.5

Por Rafael Yanomine @cinemacrica 

A luta pela igualdade de gêneros ganha roupagem jurídica em “Suprema”. A diretora Mimi Leder investe no caso real da advogada Ruth Ginsburg. Formada com destaque em Harvard e Columbia, duas das mais prestigiadas Universidades de Direito dos Estados Unidos, Ruth, desde o início da carreira acadêmica, manifesta sua inconformidade com o machismo. Sobretudo, aquele que possuía amparo legal. Esse passa a ser seu desafio de vida, subverter a institucionalização legislativa da segregação entre homens e mulheres.


Apesar de não ser pioneira da defesa dos direitos femininos na esfera legal, Ruth protagoniza um caso relevante de embate jurídico merecedor de reconhecimento. A ambientação que possui início na década de 50 é executada com notável qualidade. Destaco as cenas externas não econômicas de uma Manhattan de 1959 no meio de semana e em plena atividade diurna. Leder também pontua de forma inteligente o exercício do machismo sem recair em mesmices. São bem construídas as proposições de inferioridade de gênero nas salas de aula e nas sutilezas no momento de entrevistas de emprego. Parte da cadência narrativa, principalmente a evolução da construção da defesa, é feita de forma estruturada e não como resultado de um passe de mágica.

Apesar disso, a romantização da construção da jornada da “heroína”, que é bastante clara desde o início e não se aventura num roteiro complexo, tem altas doses de clichês. São irritantes às inúmeras inserções das trilhas sonoras que respaldam os momentos de engrandecimento. Mais do que isso, esse exagero sonoro ainda acompanha a habitual cena de superação na chuva. 

Além dos clichês, o arco da personagem apresenta inflexões inverossímeis. A determinação de Ruth, cuja construção segue uma linearidade, é interrompida de forma artificial poucos dias antes da sua defesa. Artifício dramático mal executado. A inserção da família é bem costurada, mas a grave doença do marido apresentada no início não é retomada nem contribui para acentuar o fardo carregado por Ruth.

“Suprema” é um filme capaz de entreter. Interessante por abordar um tema relevante e ainda atual, mas limitado em oferecer elementos diferenciadores.


Vale Ver Mas Nem Tanto! 



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