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PiTacO do PapO - 'Vox Lux - O Preço da Fama' | 2019

NOTA 7.5

Por Rogério Machado


'Vox Lux - O Preço da Fama' (por sinal um título nacional sem a menor criatividade), fez carreira em diversos festivais , entre eles o Festival do Rio e a Mostra de São Paulo no ano passado. Agora, essa viagem louca de uma artista pop em ascensão pelas lentes do praticamente estreante na cadeira da direção, Brady Corbet, chega em circuito comercial no Brasil. Antes de mais nada, é preciso dizer que você não está diante de uma trama trivial - muito embora não brilhante - mas não dá pra negar o conceito inserido pelas linhas narrativas dessa obra.


A história tem seu ponto de partida em 1999, quando  as irmãs adolescentes Celeste (Raffey Cassidy) e Eleanor (Stacy Martin) sobreviveram a uma tragédia violenta. As irmãs compõem e tocam uma música sobre sua experiência, fazendo algo adorável e catártico em cima da catástrofe — ao mesmo tempo, a partir dali a canção vira uma espécie de hino desse episódio de horror.  E é aí que essas  irmãs chamam a atenção de um empresário apaixonado (Jude Law) e são rapidamente catapultadas para a fama e fortuna, com Celeste como a estrela e Eleanor a âncora criativa. Anos depois, já em 2017, Celeste (Natalie Portman), agora com 31 anos, é mãe de uma filha adolescente (Raffey Cassidy) e luta para navegar em uma carreira repleta de escândalos quando outro ato de violência exige sua atenção. 

A trajetória dessa perfeita mulher imperfeita é marcada por esse atentado que a alçaria para o sucesso - é quando a menina vê-se despida de inocência. Logo em seguida, apresentada à um mundo totalmente inverso ao dela, a readaptação vem aos poucos, mas vem marcada por oportunidades variadas que se configuram como promissoras e nocivas na mesma proporção. O corpo de mulher toma forma, mas a essa altura Celeste já está presa aos vícios muitas vezes inerentes ao ritmo desenfreado do showbiz. A construção da artista se faz em uma estrutura pop, (colorida, com canções chiclete e coreografias incansavelmente ensaiadas ) mas, no que diz repeito à narrativa como um todo, o longa segue a configuração do interior da persona de menina traumatizada que se transformou numa mulher áspera, viciada em tóxicos e álcool, e com tendência a ser mal amada. A fotografia, o design de produção e outros detalhes técnicos vão de acordo com os humores dessa mulher. 

Apesar das pitadas de autenticidade, o longa de Corbet perde em não inovar na figura de sua protagonista - a velha imagem do artista decadente e insuportável que exorciza seus demônios através de canções com letras ao melhor estilo 'auto ajuda' que enlouquecem  fãs, se faz presente. Embora a construção dessa personagem seja crível e elaborada com devido rigor diante do público, claro , amparada por mais uma performance sem retoques de Natalie Portman, notamos que a personagem não tem muito a oferecer, mesmo tendo passado por episódios tão delicados e que poderiam ser transformadores na existência de qualquer um, mesmo na vida de uma estrela do pop.


Vale Ver !


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