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PiTacO do PapO - 'Guava Island' | 2019

Nota 9.0

Um festival de música, cores e protesto

Por Karina Massud @cinemassud


Se o mundo fosse acabar numa guerra o único lugar a salvo seria a ilha de Guava, um paraíso criado por Deus, o único lugar onde existe um bicho da seda que produz seda azul, um azul tão lindo que não é achado em lugar algum. Peculiaridade essa que foi a desgraça do paraíso, que ficou perdido nas mãos de um industrial mercenário.


“Guava Island”, produção da Amazon Prime, começa numa animação com traços simples e coloridos no estilo de quadros de Gauguin, com a narração da cantora e atriz Rihanna, que com sua voz aveludada torna tudo mais saboroso. Aí acaba o conto-de-fadas da ilha azul e passamos pro live-action onde todos trabalham de segunda a segunda sem um dia de descanso e sob o julgo do perverso Red Cargo, o dono da fábrica, e ao que parece, da ilha toda. Até que o músico Deni, junto da namorada Kofi, resolve criar um festival de música pro povo se divertir, mas Red Cargo não admite que seus funcionários/escravos tirem um dia de folga sequer.

O filme é uma novela musical com ótimas composições dance e soul, dá vontade de levantar da poltrona e sair dançando. Com elementos simples de um folhetim:  a mocinha e seu herói incompreendido e amado por todos, o vilão, um objetivo e uma mensagem contra o capitalismo exploratório (eles querem é ir para os EUA fazer a vida!). Danny Glover, que como cantor usa o nome de  Childish Gambino, escreve  (já havia feito a série “Atlanta”) , protagoniza, canta, dança e encanta a platéia com seu humor e malemolência irresistíveis, ao lado de Rihanna , seu par na trama, que também brilha como a estrela que é.

O figurino é lindo e exótico, feito de muitos turbantes e estampas coloridas ao estilo africano (embora não se saiba a localização da fictícia Guava, a trama foi gravada em Cuba). A fotografia também é destaque, o azul predomina em várias nuances e apesar de ser a cor da tristeza, ele evoca uma vibração positiva nas cenas. O aspecto das imagens é vintage, como se estivéssemos numa era sem muitos pixels de definição (é a foto com efeito granulado).

As músicas são a alma do filme: é através dela que a crítica social é feita, ao sistema opressor que trata seus artistas libertários como inimigos; elas  também são a alegria, amor e pesar dos personagens. “Guava Island” é uma obra enxuta (com pouco mais de 50 minutos), que passa sua mensagem de forma precisa e muito prazerosa.


Super Vale Ver !


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