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PiTacO do PapO - 'A Loja de Unicórnios' | 2019

NOTA 7.5

Por Karina Massud @cinemassud 


Um dos fenômenos modernos mais curiosos é o de adultos que vivem num mundo paralelo onde reina a eterna adolescência. Adultos que relutam em amadurecer e agem, se vestem e tem objetivos/planos infanto-juvenis. “A Loja de Unicórnios” narra a trajetória tresloucada de uma dessas pessoas: Kit (Brie Larson, sempre ótima) uma estudante de Belas Artes que foi expulsa da faculdade e volta para a casa dos pais murcha e sem rumo. Ela se veste feito menininha, com saias pregueadas, blusas de babadinhos, nuvens em tons pastéis,  e vive num mundo de sonhos onde o apogeu é ter um unicórnio, objeto de desejo que não foi dado por seus pais “tiranos” durante a infância. Eis que, quando ela finalmente encontra um emprego e resolve ter uma vida séria , surge um cara maluco lhe oferecendo o místico unicórnio, mas para isso ela precisa se mostrar merecedora dele.


O título do filme é atraente: afinal unicórnios viraram quase que uma praga em roupas, objetos de decoração e tudo mais, tanto para adultos como para crianças. Sua premissa muito atual - a insistência ou medo de sair da zona de conforto da vida e se jogar no mundo -, porém seu desenvolvimento é fraco e não vai além de cenas bobas como os pés da protagonista cheios de glitter e de seu trabalho para conseguir um lar apropriado pro unicórnio se instalar, arrumando celeiro, feno cor-de-rosa e um clima carinhoso na casa. É a fantasia reconfortante dentro da realidade nua e crua do mundo corporativo cinzento onde ela mal se ambientou.

O longa marca a estréia da atriz Brie Larson na direção (foi lançado em 2017 em festivais mas só agora chega ao grande público através da Netflix), uma boa estréia apesar do roteiro meio frouxo, pois ela só consegue prender a atenção da platéia com o visual colorido e cintilante e com as idas e vindas de sua personagem junto com o excêntrico dono da lojinha de unicórnios, Samuel L. Jackson, que sempre encanta com seu jeito peculiar e frases incisivas. Kit é dona de muitas tiradas sarcásticas  e precisas que dão uma chacoalhada geral na lentidão em que tudo acontece. Parece que estamos mergulhando naquelas lojinhas de balas coloridas vendidas a kilo ou num carrinho de algodão doce. Alguns pontos ficam jogados na trama, como o assédio do chefe, o crush construtor do estábulo e o devaneio dos pais que são “coachings” de emoções.

É um drama de amadurecimento bem despretensioso que flerta ( sem muito sucesso) com a comédia através da mensagem de autenticidade e de acreditar em si próprio e em seus sonhos. 


Vale Ver !


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