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PiTacO do PapO - 'O Favorito' | 2018

NOTA 7.5

Por Rogério Machado


O cineasta americano Jason Reitman tem uma carreira repleta de boas histórias, nos mais variados gêneros. Também roteirista, Reitman dialoga com eficiência numa cinematografia que se divide entre razão e emoção . Com grande fluência ele já discursou em diversos temas: 'Obrigado por Fumar' (2005) ironizava a indústria do tabagismo, 'Juno' (2007), nos contava de uma maneira muito própria sobre a gravidez na adolescência; em 'O Favorito' , filme sem previsão de estreia no Brasil, ele apresenta a cinebio de Gary Hart, um ex presidenciável americano que viu sua derrocada após um envolvimento extra conjugal. 


O longa apresenta um momento crucial na vida de Gary Hart (Hugh Jackman), um carismático político, senador do Colorado, que se torna um grande preterido do partido Democrata para a disputa nas eleições presidenciais de 1988. Uma chance única para o partido após oito anos de governo Reagan. Tudo vai bem, até que sua vida sofre um grande baque quando um escândalo da sua vida pessoal vem à tona e põe em risco não apenas a sua candidatura, mas o destino de todos que estão ao seu redor.

Não somente pela reconstituição de época, o roteiro bem desenvolvido ou a presença de um elenco afiado, completado por Vera Farmiga (que dá vida à esposa de Gary) e ainda J.K Simmons (o coordenador da campanha do candidato), o longa de Reitman se torna um projeto bem executado, mas também pela maneira que o diretor leva a cinebio de maneira muito orgânica para o tom de debate: a vida pessoal ou sentimental de um politico deveria realmente importar se o que está em jogo é sua competência em administrar? As questões morais deveriam afetar a vida pública de um candidato à um cargo de alta relevância?  

Ainda que explore a questão dos tabloides e da ética da imprensa, o filme não leva tal proposta para um nível aceitável. Com um olhar anacrônico, propõe-se que Gary Hart foi apenas a primeira vítima dos ataques que posteriormente atingiriam Bill Clinton e Donald Trump ao notar que a partir de 1988 a imprensa começou a se interessar pelas relações extra conjugais, algo que nunca tinha ocorrido com John Kennedy e Lyndon Johnson, por exemplo. Apesar de ser um filme digamos, correto, 'O Favorito' está longe de ser um grande exemplo no gênero - a razão talvez seja porque, hoje em dia, na prática,  a moral não represente tanto assim na carreira de um político para a grande maioria dos eleitores. 


Vale Ver !





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