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PiTacO do PapO - 'Shazam!' | 2019

NOTA 9.0

Um oferecimento: Nestlé

Por Vinícius Martins @cinemarcante


É praticamente inevitável o linkar do raio que dá identidade ao uniforme de Shazam com o raio amarelo do achocolatado Nescau. Em uma impressão brincalhona, parece um grande comercial da marca criado sobre a estrutura básica de um longa metragem. Até o slogan “energia que dá gosto” se encaixa de maneira perfeitamente adequada para ambos, dada a euforia provocada por eles. Se um dilata as pupilas através do açúcar, o outro o faz por meio de cenas caprichadas de aventura juvenil. Billy Batson, o garoto que se vê diante do desafio de se tornar o herói que dá nome ao filme, encarna todos os dilemas e inseguranças que as primeiras frustrações da vida semi-adulta ensinam, e isso faz com que sua identificação com o público seja imediata. Os vínculos e referências com coisas da infância, como se percebe aqui, não se limitam a chocolate em pó.


O herói questionável, que aprende aos poucos o significado dos poderes que lhe são dados, é um clichê charmoso do cinema; mas não se engane, aqui as coisas não são como as que costumeiramente vemos. Batson é um adolescente no corpo de um homem adulto que voa, luta, solta raios e bloqueia balas com o corpo, e a maneira como que o roteiro faz para seu protagonista lidar com essa enxurrada de informações novas a que tem que conviver e desenvolver, é ágil e flui com naturalidade. Nada é forçado e quase tudo é divertido e eletrizante, até a tensão provocada por algumas sequências fortes envolvendo o vilão Silvana tem seu gostinho de triunfo vingativo. O que acontece nessa cena em questão faz com que suas motivações fiquem bem explícitas, e nisso denota-se até mesmo um certo grau de empatia; não para defendê-lo, mas sim para entender suas razões e, dessa maneira, colocando sua maldade como fruto de uma educação ruim.

Apesar de bom, alguns pontos exigem demais da ignorância do espectador - como, por exemplo, a cena em que um para-brisa de ônibus se faz inquebrável, ou que nenhuma pessoa dentro dele tenha se ferido com gravidade. Afinal, dá para aceitar que um moleque se torne um grandalhão marombado ao gritar “Shazam!”, mas não esperem que vidro de ônibus aguente toneladas de peso em movimento. E por falar em grito, o título do filme, curiosamente, não trata do nome do herói mas sim do grito que se clama para evocá-lo - por isso a exclamação ao final do nome - e nas graciosas gargalhadas das trapalhadas que crianças fazem enquanto tentam lidar com superpoderes, 'Shazam!’ cria sua identidade, sua força e se mostra uma das melhores coisas já feitas pela DC.

O Nescau não apareceu, no fim das contas, mas a Nestlé deu um jeitinho de fazer ponta na cena do assalto à conveniência (cena já mostrada nos trailers, inclusive). 'Shazam!’ é charmoso e inspirador, como filme isolado e como expansão do universo a que pertence (universo esse que passa por mudanças drásticas, deve-se lembrar). No entanto, infelizmente, por questões de mercado, seu brilho deve ser ofuscado por ‘Vingadores: Ultimato’, então sua passagem pelos cinemas tem prazo de validade e está com os dias contados. Mas não se deixe enganar, 'Shazam!’ é um dos melhores filmes em cartaz no momento. Então prestigie a nerdice, viva as referências e sinta a tal energia dominar seus ânimos.


Super Vale Ver !





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