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PiTacO do PapO - 'Aladdin' | 2019 Crítica 2

NOTA 9.0

Um diamante bruto

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


Desde que a Disney começou seu projeto de conversão de clássicos animados para live-action com 'Alice no País das Maravilhas', em 2010, houve uma sucessão de lançamentos das mais variadas qualidades de filmes. Entre bons, medianos e ruins, tivemos releituras lamentáveis enquanto o estúdio tentava, a todo custo, acertar a mão e balancear a nostalgia com a novidade em uma dosagem certa, de modo a criar uma fórmula que funcionasse tanto para fãs antigos como para os públicos novos. E nesse festival de erros e acertos, surgiu 'Aladdin', sob a direção de Guy Ritchie, que provocou um desgosto coletivo já no primeiro trailer.


Talvez não exista palavra que melhor descreva a recepção do marketing do filme do que "repulsa". O Gênio de Will Smith sofreu inevitáveis ataques, tanto pela constante comparação ao personagem já consagrado, cuja voz na animação pertencia ao grande Robin Williams, como também pelo seu visual. Primeiro reclamaram que o Gênio não estava azul, e depois, quando saiu a prévia do Gênio com CGI, reclamaram da estética emborrachada e incômoda que se apresentou em movimentos plásticos e lamentavelmente mal acabados. Enfim, o filme tinha tudo para ser uma bomba e as expectativas quanto ao seu lançamento chegaram ao chão, cavaram um poço e se enfiaram lá dentro. Porém, com a ocasião de sua estreia, eis que vem a surpresa: o filme é excelente!

A Disney fez uma obra genial, com o perdão do trocadilho, em um filme que reapresenta o desenho e atualiza questões importantíssimas para a realidade do mundo de hoje. O equilíbrio brilhante entre os números musicais e o roteiro dialogado (que se permite, inclusive, a repetir as falas do original) é um trabalho notável, sem arestas sobrando ou excessos destoantes com o resultado final da produção. Ainda há problemas - grandes, devo dizer - com a computação gráfica, que incomodam o público por serem pouco orgânicos (com exceção do tigre e do papagaio/arara/nãoseiquebichoéaquele Yago) e um tanto desengonçados; porém, isso não compromete a experiência como um todo. O elenco é cativante e a qualidade vocal e musical é arrebatadora, mesmo na versão em português; inclusive, a dublagem brasileira vem com a agradável surpresa da escolha em manter o dublador Márcio Simões (que dubla Nick Fury nos filmes da Marvel, que já dublou Will Smith em outras ocasiões - e que foi a voz de Williams na animação de 1992) como membro oficial do elenco de dublagem, interpretando novamente o Gênio com toda a sua excentricidade e provocando, assim, um transbordar ainda maior da nostalgia de quem cresceu assistindo a animação.

O fato de ter sido subestimado pelo grande público (e também pela crítica em uma quase unanimidade) pode ter contribuído em muito para tornar o filme surpreendente; porém, isso não desmerece em nada o fato de que há nele uma qualidade incontestável, mesmo com a assinatura de Ritchie tendo sido abafada em prol do estilo Disney de fazer filmes. Um sucesso a mais para o histórico do estúdio, e uma reafirmação do carisma de Will Smith. Sem sombra de dúvidas, um acerto que mostra que a Disney pode aprender com os próprios erros e tornar épica a simples experiência de revisitar uma história querida.


Super Vale Ver !



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