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PiTacO do PapO - 'Espírito Jovem' | 2019

NOTA 7.0

Clichê pop bem realizado 

Por Sérgio Ghesti @meuhype


Filme é uma boa surpresa, com trama até de certa forma previsível mas focada em uma experiência musical e sensorial de espírito independente, se torna um carrossel de sentimentos frios na trajetória que move sua personagem principal em um conto de fadas moderno que se desdobra como um espetáculo pop em sua vertente musical e efêmera. 


A personagem do filme, a garota Violet (Elle Fanning), assim como qualquer músico, deseja o sucesso e acredita no seu talento buscando a sorte em uma competição musical como meio para mostrar suas habilidades e mudar de vida. Tudo ganha corpo quando uma seletiva para o Reality Musical "Teen Spirit", que busca jovens talentos chega em sua cidade. Esse fio condutor da história entra em contraste com a realidade da explosão desses reality shows aonde jovens cantores lutam por mostrar para um número maior de pessoas sua credencial para a fama e o sucesso. A visibilidade é o canal para se chegar a uma gravadora, a um contrato rentável ou talvez apenas a um sucesso passageiro antes de sumir dos holofotes. Esse tipo de programa estourou na década passada com vários exemplares pelo mundo todo como o American Idol, o Eurovision e o The Voice, esse último, o único que fez sucesso no Brasil em versão nacional realizada pela Globo. Porém, a exigência e a pressão de ter uma apresentação perfeita nesses programas assim como o corpo de jurados que geralmente querem chamar a atenção para si, já quebram toda relevância dos mesmos que geram uma enxurradas de cover's que muitas vezes fazem até mais sucesso que a própria música original mas não vão além disso. É uma mecânica de indústria movida pela audiência e pelo apelo popular. 

No filme toda essa construção está focada em Violet e em seu sonho de mudar de vida com seu talento musical e como tudo em sua vida é reflexo desse desejo e de toda sua angústia e inexperiência dessa trajetória. A interpretação de Elle Fanning ('Demônio de Neon' e 'Mulheres do Século 20') consegue transparecer todo esse sentimento, raramente se vê a personagem sorrindo ou se divertindo como se estivesse satisfeita com seu desempenho, a pegada é diferente de filmes como a 'A Escolha Perfeita' ou do seriado 'Glee', por exemplo, ela é focada em seu objetivo. O filme exalta Violet e o seu sonho de cantar, Fanning carrega o filme nas costas inclusive vocalmente cantando as principais canções com muito talento em uma boa trilha sonora. Destaque também para a bela fotografia de Autumn Durald-Arkpaw que mistura luz natural e neon aos cenários urbanos e bucólicos que combinam perfeitamente com o imprevisível sucesso meteórico dessa delicada garota do interior no meio de uma indústria que constrói e destrói na mesma medida. 

O filme  tem o mesmo produtor de “La La Land” e a direção do estreante Max Minghella (ator), que encarou o desafio de encontrar uma protagonista que fosse capaz de cantar, dançar e atuar em sua proposta de criar uma experiência sensorial e audiovisual convincente. A busca chegou ao fim quando Elle Fanning enviou ao diretor um vídeo de si mesma tocando com o músico francês "Woodkid" no Montreux Jazz Festival, em 2016. A atriz ainda marcada por sua atuação no live-action 'Malévola', ganhou então o papel. 

Na trama Violet é uma adolescente que sonha em ser uma estrela e deixar para trás a cidade onde vive e a mãe religiosa que, sem compreendê-la, prefere que fique “presa” ao coral da igreja. Sua história muda quando em uma de suas performances passionais para uma plateia apática, ela conhece Vlad (Zlatko Buric), um cantor de ópera aposentado que é tão simpático quanto alcoólatra. Quando o concurso "Teen Spirit" passa pela Ilha de Wight, Violet precisa de um tutor e Vlad de um motivo para viver, formando uma dupla improvável. No concurso, que dá nome ao filme, uma espécie de "The Voice",  o sucesso acontece, o que a leva a descobrir o bônus, mas também o ônus da fama, como relações por interesse e perda de identidade. Conduzido com muitas músicas, a trilha trás hits de referências pop como Ariana Grande, Robyn, Grimes, Katy Perry, entre outros, além de uma música original interpretada por Fanning, composta por Carly Rae Jepsen e Jack Antonoff. O drama musical cumpre muito bem seu papel de entretenimento e se entrega na construção de imagens e ângulos de sua musa Violet e seu conto de fadas moderno e sútil, que mesmo sem ir  fundo nas diversas problemáticas do roteiro simplista e coadjuvantes apagados, é um bom passatempo. Destaque para o clímax e a apresentação de Violet ao som de Don’t Kill My Vibe, da cantora Sigrid, que traz a ruptura da personagem em um dos poucos momentos em que ela sai de si.


Vale Ver !


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