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PiTacO do PapO - 'Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese' | 2019

NOTA 9.0

Por Karina Massud @cinemassud 


Bob Dylan é a única pessoa a ganhar o Oscar,  Grammy,   Globo de Ouro, Pulitzer e o Nobel da Literatura, além de fazer parte do Hall da Fama do Rock and Roll e de ter recebido  a Medalha Presidencial da Liberdade. Ufa, não é pouca coisa! Por isso não seria leviandade dizer que se trata do maior poeta contemporâneo vivo.


Martin Scorsese, que anteriormente já fez o “No  Direction Home”  ( 2005), cujo foco é a ascensão de Bob Dylan como astro internacional, agora lança o brilhante “Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese”. O filme produzido para a Netflix é sobre a turnê de 1975, a mais maluca de Bob Dylan, e foi feito a partir de 100 horas de filmagens dessa turnê, de cenas de um longa de 1978 dirigido pelo cantor e de inúmeros depoimentos dos envolvidos, incluindo o do próprio cantor – não há compromisso com a verdade pois vários nomes e histórias são inventados.  Há também imagens de época que mostram o momento histórico e cultural americano que não era dos mais serenos: Nixon acabara de renunciar, a Guerra do Vietnã terminado e vivia-se às vésperas do bicentenário americano.

A turnê “Rolling Thunder” teve a participação de vários artistas  como as cantoras Joan Baez e Patti Smith e o poeta Allen Ginsberg, e foi bem peculiar porque Dylan, embora já fosse um astro capaz de lotar grandes estádios, preferiu tocar em lugares pequenos e sem divulgação prévia. A equipe se locomovia como se fosse aquelas antigas caravanas/trupes de venda de remédios milagrosos, tudo muito artesanal e ousado prum artista de tamanha grandeza. É claro que foi um fracasso, na verdade uma catástrofe apenas financeira, mas um sucesso em se tratando de aventura experimental.


A produção mostra as apresentações quase na íntegra, performances poderosas de “Mr Tambourine Man”, “Knocking on Heaven´s Door”, “Blowing in the Wind”, “Hurricane” (composta durante a turnê), com a banda incrível de maquiagem kabuki ou máscaras transparentes, num misto de sarau e concerto de rock. Tudo tinha um ar de magia, bem ao estilo de “The Vanishing Lady”, clip de 1986 de Georges Méliès que abre o documentário.

O que pontua o longa é a excentricidade na organização e nos detalhes da turnê. É muito curioso o depoimento da atriz Sharon Stone, uma adolescente na época, que foi convidada a participar da turnê como a Beauty Queen e achou que uma das músicas havia sido feita pra ela. Conhecemos também Scarlet Rivera, a violinista extraordinária que acompanhava Dylan - a melodia incrível e viciante que se ouve em todas as música é dela! - uma figura misteriosa, possuidora de uma cobra e espadas. Histórias que precisavam ser contadas!

Os depoimentos de Dylan são cheios de pérolas como a hilária declaração que decidiu fazer a maquiagem branca depois de assistir um show do Kiss. Aliás, o cantor que é um senhor quase octogenário, continua tão jovem quanto há 45 anos : engajado, misterioso e irônico ...“ Não me lembro de nada que aconteceu durante a turnê, faz tanto tempo, eu não era nem nascido”. 

Vida longa a Bob Dylan!


Super Vale Ver !



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